PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Amor
é a lei
No
caminho para a Páscoa, temos a cena da adúltera. É uma continuação das tantas
rejeições que Jesus sofre por parte dos fariseus e dos mestres da lei (estes
seriam os catequistas do povo, os professores da religião judaica). Querem
colocar Jesus em um dilema: Se Ele disser que a mulher não deve ser condenada,
está contra a lei. Se disser que deve ser condenada não é tão bom com diz. A
adúltera deveria ser lapidada, isto é, morta a pedradas. Ela não escaparia, pois
já estava condenada por eles. Disseram a Jesus que a lei condenava, e Ele, o
que dizia? Jesus começa a escrever no chão. O que Jesus escrevia? Penso que
estava mostrando que não entrava na questão. Eles insistem para saber sua
opinião. Diz: “Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe
pedra”, E voltou a escrever no chão (Jo 8,7-8). Os acusadores saíram um a um, a começar dos mais
velhos. “A começar dos mais velhos” não se trata em primeiro lugar de dizer que
os mais velhos são os mais pecadores. Podemos entender que a atitude de Jesus é
nova para quem quer um Deus que condena. Os contrários à novidade do Reino se
retiram. Jesus é o mais novo que dá a sentença final: “Ninguém te condenou?” A
mulher responde: “Ninguém, Senhor”. Então Jesus: “Eu também não te condeno; podes
ir e de agora em diante não peques mais” (id. 10-11). Jesus condena o pecado e não as
pessoas. Sempre há uma nova oportunidade. A Páscoa da Ressurreição proclama o
perdão misericordioso de Deus. Perdoa, mas não aceita a dureza de coração
Leis
do amor
O profeta Isaias ensina a não
ficarmos presos ao passado. Deus fez maravilhas ao povo. Boas novas serão
realizadas: “Eis que faço coisas novas. Rezamos no salmo: “Maravilhas fez
conosco o Senhor, exultemos de alegria” (Sl 125). A Páscoa de Jesus, depois de todo o
sofrimento, é um momento novo. Não é só uma celebração, mas acontece nos fatos
da vida onde age Jesus. Assim foi o caso da pecadora. Nesse momento da
Quaresma, o perdão dado à infiel, corresponde ao perdão dado ao povo infiel. Os
que a condenavam se diziam justos perante a lei. Jesus não negou a lei, mas
trouxe um novo modo de interpretá-la. Temos uma comparação que ensina que as
leis do amor são escritas em pedras, as leis do pecado são escritas na poeira
que o vento apaga. O amor só será compreendido quando acolhermos Jesus e seus
ensinamentos. A conversão pode parecer dura, mas rezamos no salmo: “Os que
lançam as sementes entre lágrimas, ceifarão com alegria” (Id). Na pastoral o
amor não é somente passar a mão na cabeça, mas dar a mão para que vivam. O amor
sempre salva.
Pecado
envelhecido
Viver
a Quaresma e superar o pecado envelhecido é, como rezamos na oração da missa,
“caminhar com alegria na mesma caridade que levou Jesus a entregar-Se à morte
no seu amor pelo mundo”. A experiência mostra que um pecado cultivado por muito
tempo tem raízes profundas que são difíceis de tirar e, quando tiradas, doem
muito. Deixar o pecado envelhecido é uma batalha difícil. Precisa crer no amor
de Deus e amar a si mesmo como filho de Deus ressuscitado. Por isso viver bem a
Quaresma ouvindo a Palavra e fazendo o que ela nos sugere, temos a
possibilidade de receber as palavras de Jesus: “Eu também não te condeno. Podes
ir e de agora em diante não peques mais” (Jo 10,11). Rezamos no salmo: “Mudai a nossa
sorte, ó Senhor, como torrentes no deserto” (Sl 125).
Leituras Isaías
43,16-21; Salmo 125; Filipenses 3,8-14; João
8,1-11
1.
A cena da
pecadora colocada na Quaresma ensina sobre a redenção que Cristo oferece a
todos, sempre dando precedência ao amor, ao contrário dos fariseus que querem a
condenação. Os velhos que saem por primeiro são os que recusam o amor.
2.
Deus sempre faz coisas novas, mesmo que já tenha feito
tantas. A grande novidade é a presença redentora de Cristo. Jesus privilegia a
lei do amor. É necessária permanente conversão.
3.
Para superar o pecado envelhecido somos convidados a
caminhar na mesma caridade que levou Cristo a se entregar no seu amor pelo
mundo. É preciso crer no amor de Deus e amar a si mesmo. Mudai nossa sorte,
rezamos.
Botando para correr
Deus fez grandes maravilhas para salvar o povo. Não
ficou nisso. É capaz também de fazer maravilhas e levantar os pequenos
sofredores.
É o que vemos
no caso da mulher adúltera que é jogada diante de Jesus pelos fariseus que
querem pegá-lo numa enroscada. Certamente que cumpriam a lei. Mas a justiça não
pode ser feita com injustiça.
Como sabiam
que Jesus era bondoso com as pessoas, queriam que Ele dissesse que não se devia
condenar. Assim estaria desobedecendo a lei. Jesus não respondeu. Então
insistem. A resposta esparramou todos os malvados acusadores: “Quem não tem
pecado seja o primeiro a atirar uma pedra”. Puseram a armadilha e caíram nela
O
evangelho diz claro: “Foram saindo, um a um, a começar pelos mais velhos”. Com
todo carinho Jesus pergunta: “Mulher, ninguém te condenou”? Ela respondeu:
“Ninguém, Senhor”. Então disse: “Eu também não te condeno. Podes ir e de agora
em diante não peques mais”. Jesus não aceita o pecado, mas não mata o pecador.
O perdão é sempre um grande remédio. Acusar os outros de pecado pode ser um
reflexo do próprio interior. Por isso saíram um após o outro, a começar dos
mais velhos. Pecado envelhecido tem raízes profundas.https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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