Aleluia!
O Senhor ressuscitou verdadeiramente e apareceu a Simão Pedro. Frase simples
que traz uma novidade total e única em toda a história da humanidade. A
ressurreição de Jesus é o momento no qual Deus mostra a verdade total sobre seu
projeto para a humanidade e todo o universo. Esse projeto, guardado no coração
de Pai desde os tempos eternos, foi inaugurado no mundo pela Encarnação de
Jesus. Ele anunciou o novo tempo do Reino. Tendo sofrido a morte, foi garantido
pela Ressurreição. Jesus pede ao Pai que envie o Espírito Santo para unir os
que crêem à Vida que nos conquistou. Como tratamos da espiritualidade, vamos
buscar nesse tempo a orientação para nossa vida a partir da Ressurreição de
Jesus. Para nós cristãos ocidentais, tanto católicos como evangélicos, a
Ressurreição parece não fazer parte de nossa vida. Somos muito moralistas e
pouco fundamentados no acontecimento central de nossa fé. Assim não temos bases
para o correto modo de viver. Penso que podemos dizer que estamos muito
semelhantes aos guardas que estavam vigiando o sepulcro de Jesus. Pior ainda
quando os seguimos também no sono, pois dizem: enquanto dormíamos, roubaram o corpo
dEle. Os guardas presenciaram a ressurreição, tanto que correram a dizer aos
sacerdotes o acontecido (At 4,23). Continuaram testemunhas de um morto. Mas
Jesus é vida. Curiosamente as tradições que nos orientam a espiritualidade
fixaram-se num Cristo crucificado, pois é mais fácil de se explicar do que um
Cristo ressuscitado. Podemos ver isso pela prática do povo de ir até à
procissão do Senhor Morto e não participar da Vigília da Ressurreição. A
espiritualidade nos leva a fundar-nos no Cristo Ressuscitado com as marcas da
Paixão, como apareceu a Tomé.
368. Testemunhas de um vivo
Os
evangelhos foram escritos muito depois do acontecimento da vida, morte e
ressurreição de Jesus. Quando escreveram usaram anotações mais antigas. Mas já
havia tempo. O anúncio que fazem diante dos governantes e do povo é que aquele
Jesus que vocês crucificaram, Deus o ressuscitou dos mortos. Ele nos mandou
pregar o evangelho, nós que comemos e bebemos com Ele depois da Ressurreição
(At 10,41). A consciência de que Ele é um vivo, não é só é clara, mas marcou
profundamente suas vidas. Aqueles homens simples, do povo, com pouca instrução,
deram início a um movimento que, em pouco tempo, já estava presente em todo o Ocidente
e já penetrara o Oriente mais próximo, indo até à China e Índia. A presença do
Ressuscitado foi magnífica para Eles. Imaginemos a cena de desilusão depois da
morte tão inglória e a alegria incontida depois da Ressurreição que lhe dá,
pela força do Espírito. Eles são modificados no seu interior pela presença de um
vivo que estivera morto. Essa mudança une-os, pela fé, à pessoa desse vivo. A
partir dessa experiência eles começam a anunciar. É o que falta a nossa
espiritualidade: a união a um vivo. É na Ressurreição que se inicia a vida nova
do cristão. Ela é o caminho a seguir para realizar no mundo nossa missão de anunciá-lo.
369. Túmulo vazio
Vivendo intensamente a Ressurreição nós vamos ao
túmulo de Jesus para ouvir as palavras dos Anjos: “Ele não está aqui,
ressuscitou”. O túmulo vazio é uma certeza de que Ele não só não está ali, mas
que está vivo. João apóstolo viu e creu. Os soldados espalharam que fora
roubado. Nossa vida é um contínuo voltar ao acontecimento da Ressurreição para
fazer um caminho autêntico de vida espiritual em nossa realidade.
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