quarta-feira, 5 de agosto de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “Onde está, ó morte, tua vitória?”


PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
367. Os guardas de um morto.
            Aleluia! O Senhor ressuscitou verdadeiramente e apareceu a Simão Pedro. Frase simples que traz uma novidade total e única em toda a história da humanidade. A ressurreição de Jesus é o momento no qual Deus mostra a verdade total sobre seu projeto para a humanidade e todo o universo. Esse projeto, guardado no coração de Pai desde os tempos eternos, foi inaugurado no mundo pela Encarnação de Jesus. Ele anunciou o novo tempo do Reino. Tendo sofrido a morte, foi garantido pela Ressurreição. Jesus pede ao Pai que envie o Espírito Santo para unir os que crêem à Vida que nos conquistou. Como tratamos da espiritualidade, vamos buscar nesse tempo a orientação para nossa vida a partir da Ressurreição de Jesus. Para nós cristãos ocidentais, tanto católicos como evangélicos, a Ressurreição parece não fazer parte de nossa vida. Somos muito moralistas e pouco fundamentados no acontecimento central de nossa fé. Assim não temos bases para o correto modo de viver. Penso que podemos dizer que estamos muito semelhantes aos guardas que estavam vigiando o sepulcro de Jesus. Pior ainda quando os seguimos também no sono, pois dizem: enquanto dormíamos, roubaram o corpo dEle. Os guardas presenciaram a ressurreição, tanto que correram a dizer aos sacerdotes o acontecido (At 4,23). Continuaram testemunhas de um morto. Mas Jesus é vida. Curiosamente as tradições que nos orientam a espiritualidade fixaram-se num Cristo crucificado, pois é mais fácil de se explicar do que um Cristo ressuscitado. Podemos ver isso pela prática do povo de ir até à procissão do Senhor Morto e não participar da Vigília da Ressurreição. A espiritualidade nos leva a fundar-nos no Cristo Ressuscitado com as marcas da Paixão, como apareceu a Tomé.
368. Testemunhas de um vivo
            Os evangelhos foram escritos muito depois do acontecimento da vida, morte e ressurreição de Jesus. Quando escreveram usaram anotações mais antigas. Mas já havia tempo. O anúncio que fazem diante dos governantes e do povo é que aquele Jesus que vocês crucificaram, Deus o ressuscitou dos mortos. Ele nos mandou pregar o evangelho, nós que comemos e bebemos com Ele depois da Ressurreição (At 10,41). A consciência de que Ele é um vivo, não é só é clara, mas marcou profundamente suas vidas. Aqueles homens simples, do povo, com pouca instrução, deram início a um movimento que, em pouco tempo, já estava presente em todo o Ocidente e já penetrara o Oriente mais próximo, indo até à China e Índia. A presença do Ressuscitado foi magnífica para Eles. Imaginemos a cena de desilusão depois da morte tão inglória e a alegria incontida depois da Ressurreição que lhe dá, pela força do Espírito. Eles são modificados no seu interior pela presença de um vivo que estivera morto. Essa mudança une-os, pela fé, à pessoa desse vivo. A partir dessa experiência eles começam a anunciar. É o que falta a nossa espiritualidade: a união a um vivo. É na Ressurreição que se inicia a vida nova do cristão. Ela é o caminho a seguir para realizar no mundo nossa missão de anunciá-lo.
369. Túmulo vazio 
Vivendo intensamente a Ressurreição nós vamos ao túmulo de Jesus para ouvir as palavras dos Anjos: “Ele não está aqui, ressuscitou”. O túmulo vazio é uma certeza de que Ele não só não está ali, mas que está vivo. João apóstolo viu e creu. Os soldados espalharam que fora roubado. Nossa vida é um contínuo voltar ao acontecimento da Ressurreição para fazer um caminho autêntico de vida espiritual em nossa realidade.   

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