domingo, 2 de agosto de 2015

Homilia do 18º Domingo Comum (02.08.15) “Procurar o alimento que não se perde”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
O Pai dá o verdadeiro pão
Nos próximos domingos leremos o sexto capítulo do Evangelho de João no qual nos fala sobre o Pão da Vida e nos transmite o ensinamento sobre a Eucaristia. Já ouvimos o milagre da multiplicação dos pães. O povo procura Jesus porque gostara do pão e mais ainda de ter alguém que lhes dê um pão tão fácil e tão bom. Jesus diz que devem procurar o alimento que não perece que é a Vida Eterna. O maná só durava um dia. O milagre foi um sinal para conduzir à fé e à Eucaristia. No deserto Moisés alimentou o povo com o pão vindo do Céu que o sustentou durante a caminhada dos 40 anos. Jesus, contudo, dá um pão que conduz à Vida Eterna. O maná foi uma profecia da Eucaristia. Como Deus sustentou o povo no deserto, Jesus sustenta o novo povo na caminhada da Vida Eterna. O que é esse pão? O Filho o dará aos que O procuram realizando a obra de Deus. Esta obra é acreditar Naquele que Deus enviou (Jo 6,29). Os judeus pedem um sinal que prove para que creiam Nele como puderam crer em Moisés que deu um pão vindo do céu. Jesus afirma que o “Pai é que dá o verdadeiro pão do céu. Pois o pão de Deus é Aquele que desce do céu e dá vida ao mundo” (32-33). Encontramos aqui o sentido da Eucaristia como aceitação de Jesus como Pão da Vida. Como a samaritana os judeus pedem: “Dá-nos sempre desse pão” (34). A partir do acolhimento de Jesus pela fé se pode chegar ao acolhimento de Jesus como Pão da Vida. A fé em Jesus é a resposta completa de quem crê e acolhe. Por isso diz: “Eu sou o Pão da Vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede” (35). Jesus vai além de Moisés que alimentou o povo e saciou com água da rocha, e dá uma resposta aos anseios do homem que é a Vida Eterna.
Saciar a fome e a sede
            A fome e a sede sintetizam as necessidades do ser humano. Crer em Jesus satisfaz completamente os anseios humanos e ultrapassa o puramente terreno. Sua palavra responde a esses anseios: “Quem vem a Mim não terá mais fome e quem crê em Mim nunca mais terá sede” (35). Não se trata somente de uma fé como princípios, mas da fé em uma Pessoa que acolhemos. Diz: “Quem vem a mim”. A fé tem dimensão de totalidade. Não é algo somente intelectual. Não nos tira da realidade para viver a fé. A caminhada no deserto foi longa e introduziu na terra prometida (Sl 77). A terra prometida por Jesus é a Vida Eterna que começa aqui quando comemos o pão dos anjos na caminhada terrestre, saboreando os dons celestes.  Paulo anima a não “viver como os pagãos cuja inteligência leva para o nada” (Ef 4,17). A cena do diálogo com os judeus vem depois da travessia do lago durante a tempestade. É preciso dar um testemunho como faziam os judeus a seus filhos (Salmo 77), com uma resposta consistente que tenha força de conduzir à eternidade, mesmo na tempestade.
Despojar-se do homem velho
            O primeiro ensinamento é alimento que Deus nos dá quando acolhemos Jesus pela fé. Paulo nos explica como deve acontecer esse processo da fé: “Renunciando à vossa existência passada, despojai-vos do homem velho que se corrompe sob o efeito das paixões, e renovai o vosso espírito e a vossa mentalidade. Revesti-vos do homem novo, criado à imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade” (Ef 4,22-24). Crer em Jesus que sacia a sede e a fome exige uma mudança interior no modo de pensar e agir. Revestir-se interiormente e não viver como pagão cuja inteligência os leva para o nada (17). Por isso é preciso procurar o alimento que não se perde (Jo 6,27).
Leituras: Êxodo 16,2-4.12-15;Salmo 77;Efésios ,17-20 João 6, 24-35 
1.     Lemos o evangelho de João no capítulo seis que nos ensina a doutrina sobre a Eucaristia. Jesus fez o milagre dos pães. O povo o procura porque gostou do pão bom e fácil. Jesus ensina a buscar o pão que o Pai dará. Usa o símbolo do maná para explicar que o verdadeiro pão do céu que dá a vida eterna é Ele próprio. Realizar a obra de Deus é crer. Crer é comer o pão do céu. Ele mata a sede e sacia a fome. 
2.    Jesus sacia a fome e a sede que são símbolos dos anseios humanos. Quem crê não sentirá mais fome nem sede. A fé em Jesus é o acolhimento de uma pessoa. Como o Maná sustentou a caminhada durante 40 anos, o Pão da vida sustenta para a vida eterna. É dimensão de totalidade. 
3.    Acolhendo Jesus pela fé nos alimentamos. Essa fé nos faz mudar de vida e modo de pensar para viver o homem novo, revestindo-nos de Cristo. Jesus sacia a fome e exige uma mudança de mentalidade. 
                              Pensando com a barriga             
              O povo que comeu o pão multiplicado por Jesus repetiu a história do povo de Israel no deserto. Lá se revoltaram porque não havia mais comida. Os que correram atrás de Jesus depois do milagre, gostaram porque comeram bastante. Pensaram com a barriga.
              Jesus oferece um alimento muito mais substancioso. No deserto Deus deu o pão dos Anjos, um pão vindo do Céu que os acompanhou nos 40 anos de caminhada. O pão que Jesus dá nos acompanha toda eternidade. Para isso é preciso realizar a obra de Deus. Esta obra é crer naquele que Ele enviou que é o Filho do Homem, Ele próprio.
              O povo aceita pensando ainda com a barriga: “Dá-nos sempre desse pão”. A resposta de Jesus é clara: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim, nunca mais terá sede” (Jo 6,35).

              São Paulo convida “a não viver como os pagãos cuja inteligência os leva para o nada”. “É preciso revestir-se do homem novo, criado à imagem de Deus” (Ef 4,17.24). Com a fé em Jesus somos renovados por dentro. Não pensemos só com a barriga.

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