A Ressurreição é um fato incontestável para os discípulos. A comunidade
vai lentamente compreendendo que a ressurreição se realiza na comunidade e em
cada um. Ela não é somente um fato que ocorreu com Cristo, mas se refere também
a nós. E nós a vivemos na fé. O evangelista João explica que a fé em Jesus
ressuscitado tem ressonância na vida. Para explicar essa verdade, usa a
comparação da árvore e seus ramos. Somos enxertados em Cristo. Somos como o
ramo que faz parte da planta e vive de sua seiva uma vez que está unido ao
tronco. Trata-se de uma vida que se recebe. As palavras e ações de Jesus
conduziam sempre para essa união vital com Ele para a glória do Pai. A vida de
Cristo produz em nós os mesmos frutos que produziu nEle: amor, fruto primeiro.
Sua vida foi um contínuo ato de amor que culminou na Cruz, na doação total. Em
sua primeira carta, João diz que: “Não amemos só com palavras e de boca, mas
com ações e de verdade”. Aí está o critério para saber que somos da verdade e
para sossegar nosso coração (1 Jo 3,18-19). Amar com ações como Ele fez e de
verdade. O resultado é o amor. A certeza de que permanecemos unidos a Ele está
em guardar seus mandamentos: “Este é o seu mandamento: que creiamos no nome do
seu Filho, e nos amemos uns aos outros. Quem guarda os seus mandamentos
permanece com Deus e Deus permanece com ele” (1Jo 3,23-24).
Permanecer é produzir frutos
A glória e alegria do Pai é que produzamos fruto. Praticar o mandamento
de Deus é crer em Jesus e viver o amor. Esse amor se transforma em atitudes de
conversão e ação na comunidade como vemos em Paulo que, convertido, prega o
Evangelho em Jerusalém onde fora um perseguidor. Em Paulo, a força da
Ressurreição se manifesta na conversão e na pregação. Também nós temos a mesma
força da Ressurreição. Mas infelizmente, nossas comunidades não foram
catequizadas sobre a Ressurreição. Podemos ver isso na Semana Santa: para a
maioria, ela termina na Sexta-Feira Santa com a procissão do Senhor Morto.
Entendemos a morte, mas pouco a Ressurreição, sem a qual a morte de Cristo
perde o sentido. Se Cristo não tivesse ressuscitado, escreve Paulo, vã seria a
nossa fé. Em nossas comunidades é bom alertar para duas verdades: a
Ressurreição dá-nos a vida em Cristo e por ela edificamos a comunidade pelo
amor e pelo testemunho. Vida cristã não é uma economia capitalista de bens
espirituais, mas é a economia evangélica: doar-se para multiplicar-se. Paulo é
o modelo: acolheu Cristo em sua vida e produziu frutos nas comunidades por uma
intensa obra de pregação e dedicação ao Evangelho.
A força de Cristo em nós
Permanecer em Cristo é, para nós, um
contínuo crescimento que se faz pela energia divina e pelas podas que Deus faz
em nós, tirando os ramos secos e infrutíferos. As podas de Deus podem, no
momento, ser dolorosas, mas depois vemos os resultados. Sem podas, perdemos a
abundância dos frutos. Não se trata só de sofrimentos. Temos também grandes
vantagens. Vejamos como escreve João: Qualquer coisa que pedimos recebemos
dEle, porque guardamos os seus mandamentos (1Jo 3,18-24). Jesus mesmo disse:
“Se permanecerdes em mim e minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que
quiserdes e vos será dado. Nisto meu Pai é glorificado: que deis muito fruto e
vos torneis meus discípulos” (Jo 15,7-8).
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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