São
Lucas vive num tempo já distante de Jesus no qual a fé passa por dificuldades
para compreender Sua Ressurreição e aparições. Jesus parece se transformar em
uma idéia. Ao narrar a incredulidade de Tomé, Lucas quer explicar que o Jesus
ressuscitado é o mesmo que foi crucificado e continua vivo e presente na vida
da comunidade. A fé se funda na pessoa de Cristo, morto e ressuscitado. Por
isso Jesus o convida para tocar nas chagas e vê-lo vivo pela fé. Jesus aparece
no domingo. É o dia do Senhor e da comunidade e das aparições de Jesus. Ele continua
a se manifestar à comunidade. A ressurreição de Jesus não é uma questão pessoal.
Ele é uma presença que dá o Espírito para a reconciliação: “Recebei o Espírito
Santo! A quem perdoardes os pecados serão perdoados” (Jo 20,23-23). Sua
presença estimula à missão de anúncio e testemunho: “Como o Pai me enviou,
assim também eu vos envio” (21). A situação da comunidade primitiva, em sua
relação com o Ressuscitado, é a mesma nossa. Esta relação baseia-se na fé que
produz os frutos no amor. A comunidade vivia em um amor que ia até à comunhão
dos bens. João dá os fundamentos da vida da comunidade: nasce de Deus e se
expressa no amor.
Comunidade
do Ressuscitado
A comunidade é fundamental para o projeto de redenção de Jesus, pois
ela O continua. Por isso, João tem o cuidado em fundamentá-la bem. Explica à
comunidade que a fé em Jesus dá a vida divina. A fé liga-se ao amor. Crer é
amar. Amar não é só um sentimento mas acontece na prática da partilha e na
solidariedade para com os irmãos. Vejamos que a Eucaristia ensina justamente a partir
e repartir. Jesus está vivo e Sua vida gera e é vida da comunidade dos que
foram salvos. Ele dá o Espírito na
comunidade, pois, estando reunidos, “soprou sobre eles e disse: Recebei o
Espírito Santo” (Jo 20,22). A partir da comunidade envia em missão: “Assim como
o Pai me enviou, eu vos envio” (21). A missão é a reconciliação com Deus para o
perdão dos pecados e para a vida de amor na comunidade. A fé é concreta: Jesus
não é uma idéia. É preciso ver para crer, como dizemos sobre Tomé. É preciso ver
o testemunho dos cristão. Teremos então
uma pregação seja confiável.
A comunidade dos ressuscitados
Desde os inícios da Igreja, sempre se procurou voltar ao ideal
original: “a comunidade apostólica”. Cada grupo se dispunha a viver em comum,
na partilha dos bens, na oração, na escuta da Palavra de Deus e na
fraternidade. A comunidade atual é continuação da comunidade primitiva em todos
os sentidos, mesmo necessitando de conversão. Ela corre o risco de deixar-se
invadir pelas ideologias do mundo, em particular em questão dos bens. O
individualismo leva os cristãos a perderem a força da comunidade que está na
partilha. Os bens devem ser vistos à luz do Evangelho: “ser colocados aos pés
dos apóstolos”. Assim daremos força ao testemunho de reconciliação e redenção
dos pecados. Somos enviados a evangelizar não só pela palavra, mas, sobretudo
pelo testemunho da comunidade. A Ressurreição acontece em nossa vida e a
comunidade exerce sua missão de ser o lugar privilegiado do Ressuscitado para
dar o Espírito de reconciliação e enviar ao testemunho da vida e da palavra.
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