Evangelho segundo S. João 3,7b-15.
Naquele
tempo, disse Jesus a Nicodemos: «Não te admires por Eu te haver dito que todos
devem nascer de novo.O vento sopra onde quer: ouves a sua voz, mas não sabes
donde vem nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do
Espírito». Nicodemos perguntou: «Como pode ser isso?» Jesus
respondeu-lhe: «Tu és mestre em Israel e não sabes estas coisas? Em verdade,
em verdade te digo: Nós falamos do que sabemos e damos testemunho do que vimos,
mas vós não aceitais o nosso testemunho. Se vos disse coisas da terra e não
acreditais, como haveis de acreditar, se vos disser coisas do Céu? Ninguém
subiu ao Céu, senão Aquele que desceu do Céu: o Filho do homem. Assim como
Moisés elevou a serpente no deserto, também o Filho do homem será elevado, para que todo aquele que acredita tenha n’Ele a vida eterna».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Basílio (c. 330-379), monge,
bispo de Cesareia da Capadócia, doutor da Igreja
Tratado sobre o Espírito
Santo, 14
A imagem é uma forma de mostrar, por
analogia, as coisas que esperamos. Por exemplo, Adão é a prefiguração do Adão
que havia de vir (cf 1Cor 15,45) e a pedra [no deserto, durante o Êxodo]
prefigura Cristo; a água que jorra da pedra é a imagem do poder vivificante do
Verbo (Ex 17,6; 1Cor 10,4), pois Ele disse: «Se alguém tem sede, venha a Mim; e
quem crê em Mim que sacie a sua sede» (Jo 7,37); o maná é a prefiguração do «pão
vivo que desceu do céu» (Jo 6,51); e a serpente colocada num poste é a figura da
Paixão, da nossa salvação consumada na cruz, uma vez que quem olhasse para ela
era salvo (Nm 21,9). Do mesmo modo, o que a Escritura diz sobre a saída dos
israelitas do Egipto foi narrado como prefiguração daqueles que se salvam
através do baptismo; pois os primogénitos dos israelitas foram salvos […] pela
graça dada àqueles que tinham sido marcados com o sangue do cordeiro pascal, e
esse sangue prefigurava o sangue de Cristo. […]
Nesses tempos, o mar
e a nuvem (Ex 14) conduziam à fé pela admiração; mas, em relação ao futuro,
prefiguravam a graça que estava para vir. «Aquele que for sábio refletirá em
tudo isto e compreenderá o amor do Senhor» (Sl 107,43). Compreenderá que o mar,
prefigurando o baptismo, separava os judeus do faraó, tal como o baptismo nos
faz escapar à tirania do diabo. Outrora, o mar afogou o inimigo; hoje, morre a
inimizade que nos separava de Deus. Do mar, o povo saiu são e salvo; e nós
elevamo-nos das águas, como se ressuscitássemos de entre os mortos, salvos pela
graça daquele que nos chamou. Por sua vez, a nuvem era a sombra do dom do
Espírito, que refresca os nossos membros, apagando a chama das paixões.
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