Evangelho segundo São Marcos 3,31-35.
Naquele tempo, chegaram à casa onde estava Jesus sua Mãe e seus irmãos, que, ficando fora, O mandaram chamar.
A multidão estava sentada em volta dele, quando Lhe disseram: «Tua Mãe e teus irmãos estão lá fora à tua procura».
Mas Jesus respondeu-lhes: «Quem é minha mãe e meus irmãos?».
E, olhando para aqueles que estavam à sua volta, disse: «Eis minha mãe e meus irmãos.
Quem fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe».
Tradução litúrgica da Bíblia
Venerável Madaleine Delbrêl
(1904-1964)
Missionária das pessoas da rua
«O êxtase da vossa vontade»
Chamados a fazer a vossa vontade
Quando aqueles que amamos nos pedem alguma coisa,
ficamos-lhes gratos por no-lo pedirem.
Se fosse do vosso agrado, Senhor, pedir-nos apenas uma coisa
em toda a nossa vida
ficaríamos maravilhados com isso,
e ter feito a vossa vontade só dessa vez
seria o acontecimento do nosso destino.
Mas, porque colocais tal honra nas nossas mãos
todos os dias, a todas as horas, a cada minuto,
achamos esses pedidos tão naturais
que nos cansamos e nos tornamos indiferentes.
E, no entanto, se compreendêssemos quão inacessível é o vosso mistério,
ficaríamos estupefactos
por nos ser dado conhecer estas centelhas da vossa vontade
que são os nossos minúsculos deveres.
Ficaríamos deslumbrados por conhecer,
na imensa escuridão que nos envolve,
as inúmeras, precisas e pessoais
luzes da vossa vontade.
Se isto compreendêssemos, andaríamos pelo mundo
como uma espécie de profetas,
como videntes das vossas pequenas providências,
como agentes das vossas intervenções.
Nada seria medíocre, porque tudo seria querido por vós.
Nada seria pesado, porque tudo seria vossa vontade.
Nada seria aborrecido, porque tudo seria amor a vós.
Todos estamos predestinados ao êxtase,
todos chamados a sair das nossas pobres combinações
para figurar, hora após hora, no vosso plano.
Não somos nunca miseráveis enjeitados,
somos bem-aventurados,
chamados a saber o que quereis que façamos,
chamados a saber o que esperais de nós em cada momento:
pessoas de quem precisais um pouco,
pessoas de cujos gestos sentiríeis falta
se nos recusássemos a fazê-los.
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