sábado, 14 de janeiro de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “Tempos de colheita”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
SACERDOTE REDENTORISTA
NA PAZ DO SENHOR
Meu amado possui uma vinha
 
O Espírito que conduz Jesus, desde seu batismo, leva-o ao coração do povo de Israel, Jerusalém, onde está o templo. Ali está o centro político, econômico e religioso do povo. Ali Ele entra no confronto final com chefes do povo, que culminará em sua recusa. A morte de Jesus não foi um acaso ou a conseqüência de quem ataca um regime. É uma trama muito bem urdida que leva à sua eliminação. No fundo, é a recusa de Deus. Os profetas proclamavam que o povo é de Deus e não pode ser entregue a outro. Jesus, em diálogo com eles, narra três parábolas que os questionam. No Evangelho do 27º domingo, lemos uma parábola na qual Jesus usa a imagem da vinha (plantação de uva), que é comum na Escritura, como lemos na primeira leitura de Isaias (5,1-7) ou no salmo 79 que reza no versículo: “A vinha do Senhor é a casa de Israel”. Esta parábola corresponde ao texto de Isaías. O amor de Deus pela humanidade manifesta-se na escolha do povo de Israel, a partir de Abraão, da libertação do Egito, da posse da terra e do permanente cuidado que teve para com ele. Jesus e Isaias contam o que Deus fez pelo povo: “Meu amado possuía uma vinha em fértil encosta. Cercou-a, limpou-a de pedras, plantou videira escolhidas, edificou uma torre no meio e construiu um lagar” (Is 51,2). Jesus retoma quase as mesmas palavras. O que não fez Deus por seu povo? Deu tudo o que ele precisava! Deus fez com este povo a aliança, as promessas e realizou-as na pessoa de Jesus. Deus esperava que o povo desse frutos, e fosse entregue para Ele sua parte. Mas os administradores do povo tomaram para si o fruto que era devido a Deus. 
Resposta de infidelidade 
Esta parábola de Jesus é uma síntese da História do povo de Deus. Lemos, então, a questão que Jesus coloca na parábola dos vinhateiros: Deus enviou seus profetas para recolher os frutos de justiça e obras de bondade e não obteve. Mandou por fim o Filho que foi recusado, lançado fora da vinha e morto. Jesus morreu do lado de fora da cidade. O povo foi escolhido por pura benignidade de Deus, talvez entre os menores e menos significativos da terra. O povo soube corresponder. Mas os chefes desviaram o povo. O dono da vinha, depois de ter feito tudo de bom, tem agora o desencanto de ter somente uvas selvagens. O que Deus esperava? Frutos de justiça e obras de bondade (Is. 5,7). É a frustração de Deus. Os donos do povo preferiam a injustiça à justiça de Deus, que tanto os profetas proclamavam e agora é proposta por Jesus. Ele é o ponto mais alto da História deste povo. Será que a Igreja católica, como também as outras demais igrejas, não estão repetindo a mesma história? A missão dos administradores do povo é conduzí-lo a Deus e não a si.
O Reino será dado a outro 
Jesus pergunta: “O que fará o dono da vinha?” Eles mesmos ditam a própria sentença: “Dará a vinha a outros que lhe entregarão os frutos no tempo certo” (Mt 21,41). Não produzir frutos torna impossível ser do Reino de Deus. Cristo é a pedra angular porque não se faz dono do povo, mas servidor do Pai. Vemos o que acontece na Igreja, com contínuas saídas para outros credos. Não estaria realizando para nós esta profecia? E quem são os responsáveis? Somos nós, a quem se dirigem estas palavras de Jesus. Não estamos repetindo a História? O que Cristo pede de nós é tê-lo como pedra angular e imitar o que Ele fez. Cada Eucaristia é momento do confronto de nossa vida com a Palavra de Cristo. Paulo nos diz: “Praticai o que aprendestes e recebestes de mim” (Fl 4,9). 
Leituras: Isaias 5,1-7;Salmo 79;
Filipenses 4,6-9;Mateus 21,33-43.
1. Jesus, no coração do país, Jerusalém, no templo, entra no confronto final com os chefes do povo que o recusarão e conduzirão à morte. No fundo está a lógica da recusa de Deus, que os profetas tanto denunciavam. Em diálogo com os chefes do povo, Jesus apresenta três parábolas. Hoje lemos a parábola dos vinhateiros malvados. A vinha é o povo de Deus, amado com carinho. Fez tudo por ele. O dono da vinha, Deus, esperava os frutos, mas não recebeu. Os chefes ficaram com os frutos para si. 
2. A parábola é a síntese da história do povo de Deus. Ele sempre enviou os profetas e agora o Filho para buscar os frutos de justiça e bondade. Bateram nos profetas e mataram-nos e agora matam o Filho único. O povo não soube corresponder e, por culpa dos chefes. Será que não fazemos o mesmo hoje? A missão dos chefes é conduzir o povo a Deus 
3. O que fará o dono da vinha. Responderam os chefes, condenando-se: dará a vinha a outros que saberão dar os frutos Deus. Cristo cumpre e missão de dar os frutos a Deus. As saídas da Igreja não se explicam por esta parábola? 
Negócio perdido. 
Jesus é muito esperto com suas historinhas inocentes. Fala de uma plantação de uvas que um homem fez e arrendou. Quando chegou a hora da colheita, mandou diversas vezes empregados buscar sua parte. Os homens bateram neles e até os mataram. Por fim, mandou seu filho único. Jogaram-no para fora da vinha e o mataram. O que vai acontecer? Os ouvintes, que eram os chefes, disseram: “Vai tirar deles a vinha e dar a outros”. Esta história é a História do povo de Deus. Deus deixou o povo sob a responsabilidade dos chefes. Quando foi buscar sua parte através dos profetas, eles os mataram. Fizeram-se donos do povo. Não produziram fruto, nem deixaram o povo produzir. Por fim Deus mandou seu Filho. Mataram-no. Quiseram ganhar e, saíram perdendo. Deus, dos chefes, tira o povo e dá a outro que vai dar os frutos Deus que espera do povo. Corremos este risco, se não fazemos nossa parte. 
Homilia do 27º Domingo Comum (05.10.2008)

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