quarta-feira, 6 de abril de 2022

Beato Zeferino Agostini

«O Senhor assistiu-me e deu-me forças» (2 Tm 4, 17). Estas palavras do Apóstolo a Timóteo bem se aplicam ao Padre Zeferino Agostini o qual, embora entre inúmeras dificuldades, jamais perdeu a coragem. Ele é-nos apresentado hoje como humilde e firme testemunha do Evangelho no fecundo período da Igreja de Verona nos meados do século XIX. Sólida foi a sua fé, eficaz a sua ação caritativa e ardente o espírito sacerdotal que o distinguiu. O amor do Senhor impeliu-o no seu apostolado voltado para os mais pobres, e em particular para a educação cristã das jovenzinhas, especialmente as mais necessitadas. Ele compreendeu bem a importância da mulher como protagonista do saneamento da sociedade, nos seus papéis de educadora para os valores da liberdade, da honestidade e da caridade. Recomendava às Ursulinas, suas filhas espirituais: «As meninas pobres sejam o mais caro objeto dos vossos cuidados, das vossas atenções. Sensibilizai as suas mentes, educai para a virtude o seu coração, salvai as suas almas do funesto contato do mundo perverso» (Scritti alle Orsoline, 289). Possa o seu exemplo constituir um válido encorajamento para quantos hoje o honram como Beato e o invocam como protetor. Papa João Paulo II 
Homilia de Beatificação–25 de outubro de 1988
Zeferino Agostini nasceu em Verona, Itália, no dia 24 de Setembro de 1813. Terminados os estudos teológicos no Seminário diocesano, recebeu a Ordenação sacerdotal a 11 de Março de 1837, tendo iniciado o seu ministério como Vigário cooperador na Paróquia dos Santos Nazário e Celso e Assistente do Oratório dos jovens e da catequese. Em 1845 assumiu a função de pároco da vasta paróquia dos Santos Nazário e Celso, cargo que o Padre Agostini exerceu durante 51 anos com incansável dedicação, empenhando-se na própria santificação e no trabalho pastoral em favor das almas. No decorrer desses anos não faltaram momentos difíceis e dolorosos, tais como aqueles das três guerras (1848, 1859 e 1866), quando se dedicou ao cuidado dos feridos e, em 1855, também dos afetados pela epidemia da cólera. A sua vida sacerdotal caracterizou- se ainda como fundador, não por uma opção programada mas devido a uma série de circunstâncias, que o levaram a realizar um desígnio de Deus. De fato, para ter uma ajuda na ação pastoral, especialmente para a população feminina, recorreu a institutos religiosos já existentes, como o das Filhas da Caridade Canossianas. Mas não obteve muito sucesso nesta tentativa, e então dispôs-se a aceitar e acolher as ocasiões que lhe foram apresentadas para levar avante o trabalho pastoral em prol da promoção da juventude feminina. A partir do Oratório para as jovens, por ele animado com o ideal de Santa Angela Mérici, surgiu um grupo de colaboradoras para a Escola da caridade para as jovens. A partir de 1860 algumas dessas colaboradoras iniciaram uma vida em comunidade, e o Padre Zeferino Agostini confiou-as aos cuidados das Irmãs de Maria Menina. Somente mais tarde, em 1869, amadureceu a convicção de sustentar a obra e de lhe dar uma fisionomia, inspirando-se em Santa Angela Mérici. Nesse ano ele foi encarregado de reconstituir na diocese a «Companhia de Santa Úrsula » e neste âmbito empenhou-se também em formar um pequeno grupo de jovens que tinham resolvido viver em comum e auxiliar no apostolado paroquial. Esta pequenina semente germinou pouco a pouco, e dela surgiu a Congregação das Irmãs Ursulinas Filhas de Maria Imaculada, com o encargo de serem apóstolas na específica missão de fazer «todo o bem possível» ao próximo e em particular às jovens. A missão de fundador não diminuiu a sua figura de pároco zeloso, mas comportou uma série de problemas econômicos e maiores empenhos. Continuou a dedicar-se ao ministério paroquial, aprimorando-se na obra de catequese, de assistência caritativa e de formação para a vida cristã. Inúmeras foram as suas instruções e pregações, documentadas nos seus manuscritos que testemunham o zelo pela Palavra de Deus e a orientação na vida espiritual de todos, sobretudo dos seminaristas e sacerdotes que a ele recorriam para os exercícios espirituais. O Padre Zeferino faleceu no dia 6 de Abril de 1896, deixando um exemplo a ser seguido e um patrimônio espiritual a ser difundido. Por tudo isto, o Padre Agostini, sacerdote por vocação, pároco por missão, fundador pela providencial ocasião, oferece um exemplo admirável de vida sacerdotal, de apostolado paroquial e de orientador ao serviço do bem das suas filhas espirituais. Hoje, a Congregação das Irmãs Ursulinas Filhas de Maria Imaculada estão difundidas em várias dioceses da Itália, em Madagáscar, na Suíça e na América Latina, salientando-se o seu trabalho no Uruguai (1965), no Brasil (1979) em muitas dioceses do Rio Grande do Sul, do Mato Grosso e do Paraná, e ultimamente no Paraguai (1992), dedicando-se com fidelidade à vivência do próprio carisma inspirado em Santa Angela Mérici e na intuição providencial do Padre Zeferino Agostini, para o bem da juventude feminina.

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