domingo, 27 de março de 2022

Homilia do 4º Domingo da Quaresma (27.03.22)

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
54 ANOS CONSAGRADO
46 ANOS SACERDOTE
“Páscoa do Coração” 
A alegria da Páscoa 
A liturgia do 4º Domingo da Quaresma é tomada pela alegria: “Concedei ao povo cristão correr ao encontro das festas que se aproximam, cheio de fervor e exultando de fé” (oração). A alegria da celebração é porque já temos no horizonte as primeiras luzes da festa da Páscoa. É uma imagem linda do amanhecer comparado à Páscoa que se aproxima. A antífona de ingresso assim canta: “Alegra-te Jerusalém... saciai-vos com a abundância de suas consolações”. Nesse quadro vemos a alegria da entrada na terra prometida. A alegria de comer a Páscoa no chão que Deus lhe deu. Não precisa mais do milagre do maná. No clima da alegria lemos a parábola do filho perdido acolhido pelo pai misericordioso. A Páscoa se realiza nos atos da vida. A volta do filho perdido e o acolhimento do Pai misericordioso sintetizam toda a história da salvação. Deus vem ao encontro do homem perdido e lhe dá recuperação da graça total. A volta do filho é um momento de alegria. O acolhimento que faz o pai, diverso do acolhimento do irmão que o recusa, nos faz sentir o humor da salvação. A alegria deve penetrar todos os seguimentos da vida cristã. Por pior que seja a condição do homem “pecador”, a recuperação pela graça da salvação sempre supera o drama da maldade ou suas consequências na vida dos filhos de Deus que têm o direito ao retorno à casa paterna. O Pai do Céu sempre acolhe. 
Reconciliai-vos 
Paulo, na consciência da missão de Cristo de levar todos à salvação, reconhece o quanto de vida nova recebemos pela redenção. Deus nos reconciliou consigo e confiou o ministério da reconciliação. A casa está sempre aberta a todos os filhos. Não há filho perdido. Há filhos que retornam. Somos novas criaturas, reconciliadas. Deus não considerou a humanidade como um caso perdido. Sempre oferece a reconciliação. Ao enviar Jesus, Deus não O envia para condenar, julgar e acusar: “Deus reconciliou o mundo consigo, não imputando, não acusando os homens de suas faltas e colocando em nós as palavras da reconciliação. Somos embaixadores de Cristo. É Deus mesmo que exorta através de nós. Em nome de Cristo, nós vos suplicamos: deixai-vos reconciliar com Deus” (2ªCor 5,19-20). Não só nos reconcilia consigo, mas também nos dá o ministério da reconciliação. Continuamos a missão de Cristo. O mistério da redenção é um dom de reconciliação. Não há nenhuma justificativa de condenação em recusar os “pecadores”. Quando exercemos a profecia para condenar, somos um anti-evangelho. A Igreja, em sua prática pastoral exerce um ministério de recusa e quer colocar todos no mesmo ritmo. 
O amor que acolhe 
A reconciliação não é um decreto. A parábola do filho perdido (pródigo) se fixa sempre na descrição da situação. No exterior da parábola. Mas outra é a mente de Deus para a reconciliação, o que vai provocar alegria ainda maior: No pecador, Deus vê seu Filho dileto no filho perdido. Lemos: “Aquele que não cometeu pecado, Deus O fez pecado por nós, para que Nele, nós nos tornássemos justiça de Deus” (2Cor 5,21). Vejamos a grandeza da reconciliação. O Filho Jesus assume a condição do pecador. Deus O fez pecado. Fica no lugar da pessoa, como que Ele fosse o pecador. Então, a morte de Jesus, Ele a padece em nosso lugar. Pagou por nós. Mas, temos a vantagem que nós ressuscitamos com Ele. Assim vivemos o Mistério Pascal. O filho perdido recebe o total afeto do Pai. Em Deus nos amou.
Leituras: Josué 5,9ª.10-12; Salmo 33; 
2Coríntios,5,17- 21;Lucas13,1-3.1132. 
1. A volta do filho perdido e o acolhimento do Pai sintetizam toda a história da salvação. 
2. A casa está sempre aberta a todos os filhos. 
3. No pecador, Deus vê seu Filho dileto no filho perdido.
Bateu na porta certa 
A volta do filho “pródigo” nos comove e estimula a conhecer melhor o Pai. Ele não hesitou em voltar, pois sabia que o pai o aceitaria. Ele só iria reconhecer que errou. Acertou a casa e o coração. O que não aconteceu com o irmão mais velho que viveu tanto com o pai e não conheceu seu coração. Nós, humanidade, sabemos que o Pai acolhe a todos. Curiosamente não se trata de mãe, pois esses sentimentos se referem mais à mãe. Mas Deus é Pai e Mãe. Por isso o jovem sabia onde bater.

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