Evangelho segundo São Lucas 9,18-22.
Um dia, Jesus orava sozinho, estando com Ele apenas os discípulos. Então perguntou-lhes: «Quem dizem as multidões que Eu sou?».
Eles responderam: «Uns, João Batista; outros, que és Elias; e outros, que és um dos antigos profetas que ressuscitou».
Disse-lhes Jesus: «E vós, quem dizeis que Eu sou?». Pedro tomou a palavra e respondeu: «És o Messias de Deus».
Ele, porém, proibiu-lhes severamente de o dizerem fosse a quem fosse
e acrescentou: «O Filho do homem tem de sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas; tem de ser morto e ressuscitar ao terceiro dia».
Tradução litúrgica da Bíblia
Mística inglesa
Revelações do amor divino,cap.27
«O Filho do homem tem de sofrer muito;
tem de ser morto
e ressuscitar ao terceiro dia»
Na minha ignorância, surpreendia-me que a profunda sabedoria de Deus não tivesse impedido o início do pecado; porque, se o tivesse feito, pensava eu, tudo estaria bem. Jesus respondeu-me: «O pecado é inelutável, mas tudo acabará em bem, tudo acabará em bem, todas as coisas, quaisquer que sejam, acabarão em bem».
Com esta pequena palavra «pecado», Nosso Senhor apresentou-me ao espírito tudo o que não é bom: o desprezo ignóbil e as provações extremas que sofreu por nós ao longo da sua vida e na sua morte; todos os sofrimentos e as dores, corporais e espirituais, de todas as suas criaturas. Contemplando todos os sofrimentos que existiram ou existirão, compreendi que a Paixão de Cristo era o maior, o mais doloroso de todos, e que a todos ultrapassa. Mas não vi o pecado. Sei, pela fé, que ele não tem substância nem qualquer espécie de ser; só o podemos reconhecer pelo sofrimento que causa. Percebi que este sofrimento é temporário: ele purifica-nos, leva-nos a conhecer-nos a nós mesmos e a gritar por misericórdia. A Paixão de Nosso Senhor fortifica-nos contra o pecado e o sofrimento: esta é a sua santa vontade. No seu terno amor por todos aqueles que serão salvos, Nosso Senhor reconforta-os pronta e suavemente, como se lhes dissesse: «É verdade que o pecado é a causa de todas estas dores, mas tudo acabará em bem: todas as coisas, quaisquer que sejam, acabarão em bem». Ele disse-me estas palavras com grande ternura, sem a mínima censura. Nestas palavras, vi um mistério profundo e maravilhoso, oculto em Deus. Ele desvendará e nos fará conhecer esse mistério plenamente no Céu. Quando o conhecermos, entenderemos por que razão permitiu a vinda do pecado a este mundo. E, ao ver isto, regozijar-nos-emos por toda a eternidade.
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