quinta-feira, 22 de julho de 2021

SÃO FELIPE EVANS

Phillip nasceu no Condado de Monmouthshire, no País de Gales, em uma família não nobre, mas rica em recursos financeiros, o que veio a lhe proporcionar uma infância feliz e extremamente proveitosa na formação de seu caráter, já que seus pais, pouco antes, haviam feito sua opção pelo Catolicismo, enfronhando-se nele de corpo e alma, já que inteiramente disponíveis à Igreja de Jesus. Foi em razão dessa opção de seus pais, que toda sua educação teve condução Católica, numa atitude louvável e acima de qualquer corporativismo ou algo semelhante, já que o ensino nas escolas dirigidas por Ordens religiosas submetidas a Roma, sempre se colocou entre os de maior excelência. Assim que atingida a idade de quinze anos, ocasião em que a direção do ensino se volta mais à definição do futuro do aluno, seus pais internaram-no no Colégio Inglês da Cidade de Saint Omer, escola que seguia a rígida instrução do Colégio Jesuíta de Roma, fundado pelo Papa Gregório XIII. Do Colégio Inglês para a Companhia de Jesus, a passagem praticamente se fazia automática, principalmente para os que manifestavam a explícita vontade de ingressar na vida religiosa. E essa ponte foi galharda e alegremente atravessada por Phillip, em 1665. Tendo iniciado sua vida na Companhia de Jesus pelo aprendizado de Filosofia, ali mesmo fez seguir-se a este o de Teologia e todos os demais que o habilitariam a vestir o santo hábito jesuíta. Era o ano de 1675 e Phillip completava 30 anos de idade. Um importante registro que nos permite vislumbrar o real perfil de São Felipe Evans, é o que seu Provincial inscreveu em sua folha escolar: "...Ele tem um comportamento maravilhosamente aberto e disponível, amigável, sem nuvens ou rugas. Sua testa está sempre livre" Tão logo ordenado e retornando ao País de Gales, São Felipe teria que enfrentar grande perigo. Pouco antes, um “sacerdote”, de nome Oates, posteriormente conhecido por “o perjuro”, havia declarado que a Igreja Romana organizava um complô, com o fim específico de assassinar o Rei Charles II, conspiração esta a ser montada e dirigida pelos Jesuítas. Em razão dessa absurda acusação, desprovida de qualquer indício de verdade, os freis dessa Ordem passaram a ser perseguidos por todo o Reino Unido. Era uma situação que requeria, mais que cautela, a cessação de qualquer atividade que pudesse identificar seu autor como jesuíta. Muitos assim o fizeram, só que São Felipe, assim como seu parceiro de evangelização, São João (John) Lloyd, jamais se dobrariam ante tal situação. Com o apoio de Católicos de grande Fé e coragem, São Felipe, de oratória empolgante, passou a rezar missas para grupos de fiéis que acorriam aos locais cuidadosamente divulgados, principalmente em razão de suas homilias, transbordantes de Amor. Foram inúmeras as concentrações formadas para assistir-se a suas pregações. Isto até que, denunciado por protestantes interessados na cessação de tais celebrações, por seu grande poder de conversão, São Felipe foi feito prisioneiro e levado a cárcere no Castelo de Dunraven. Por duas vezes, um Juiz e um Governador oferecem a Felipe a liberdade, a troco de sua negação aos votos jesuíticos. A firme recusa irrita tais autoridades que, assim, estabelecem para São Felipe a pena de isolamento, na chamada Torre Negra, impondo-lhe a permanência em calabouço sem qualquer tipo de iluminação e/ou ventilação. Chamado à razão por sua consciência, vinte dias depois o Governador manda que São Felipe seja transferido para uma cela menos desumana, onde passa a conviver com São João Lloyd, como ele também alcançado pelas garras da intolerância aos jesuítas. Daí até seu “julgamento”, baseado no testemunho de pessoas compradas, cada uma dela pelo valor de 100 libras, ambos eram regularmente espancados, sendo que, ao final de cada sessão se lhes oferecia a oportunidade da abjuração, nunca aceita. No tribunal, as mais horríveis acusações são feitas a Felipe, que simplesmente as nega, numa atitude desconsiderada pelos jurados que, então, por indicação unânime, levam o Juiz a decretá-lo culpado, sentenciando-o à pena máxima, ou seja, à morte. Felipe simplesmente encara, um a um, seus algozes e num gesto de extrema bondade agradece-os e os perdoa. Nos dias que intermediam a sentença e sua execução, apiedados, seus carcereiros atendem a um seu pedido e lhe entregam uma harpa. E é assim, tocando e entoando hinos católicos, que São Felipe aguarda sua passagem para a Eternidade Santa, que sabia vir-lhe em recompensa, por tudo o que fizera em favor da Igreja de Jesus Cristo. Assim, a 22 de Julho de 1679, acompanhado de São João Lloyd, São Felipe é levado ao local onde se erguera o cadafalso. Sem demonstrar o mínimo temor, energizados por sua Fé, antes de subirem até os pés da forca, ambos ajoelham-se e beijam o cadafalso, para assombro de seus condutores. Conforme costume da época, ao lhe serem permitidas suas últimas palavras, São Felipe declara: “Me sinto imensamente feliz. Morro por Deus e por minha Religião assim, como morreria tantas vezes, quantas fossem as vidas que eu tivesse. Agradeço a Deus e a todos de quem conquistei Amor e de quem só peço orações. Adeus, meu amigo John. Dentro em breve estaremos novamente juntos, no Céu. Senhor, em tuas mãos eu entrego a minha alma”. Era o dia 22 de Julho de 1679, ano em que São Felipe completaria 34 anos de idade. Um dos Quarenta Mártires da Inglaterra e País de Gales, São Felipe foi canonizado em 25 outubro 1970 pelo Papa Paulo VI, que também decretou como sua data festiva no Calendário Litúrgico da Igreja de Jesus, todos os dias 22 de Julho que vierem a se suceder. 

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