Evangelho segundo São Mateus 13,24-30.
Naquele tempo, Jesus disse às multidões mais esta parábola: «O Reino dos Céus pode comparar-se a um homem que semeou boa semente no seu campo.
Enquanto todos dormiam, veio o inimigo, semeou joio no meio do trigo e foi-se embora.
Quando o trigo cresceu e começou a espigar, apareceu também o joio.
Os servos do dono da casa foram dizer-lhe: "Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde vem então o joio?".
Ele respondeu-lhes:"Foi um inimigo que fez isso". Disseram-lhe os servos: "Queres que vamos arrancar o joio?".
"Não!", disse ele, "não suceda que, ao arrancardes o joio, arranqueis também o trigo.
Deixai-os crescer ambos até à ceifa e, na altura da ceifa, direi aos ceifeiros: Apanhai primeiro o joio e atai-o em molhos para queimar; e ao trigo, recolhei-o no meu celeiro"».
Tradução litúrgica da Bíblia
Encíclica «Mystici corporis Christi»,1943
«Deixai-os crescer ambos até à ceifa»
Não se deve julgar que, já durante o tempo da peregrinação terrena, o corpo da Igreja, por levar o nome de Cristo, consta só de membros com perfeita saúde, ou só dos que de facto são por Deus predestinados à sempiterna felicidade. Pela sua infinita misericórdia, o Salvador não recusa lugar no seu corpo místico àqueles a quem o não recusou outrora no banquete (cf. Mt 9,11; Mc 2,16; Lc 15,2). Nem todos os pecados, embora graves, são pela sua natureza tais que separem o homem do corpo da Igreja como fazem os cismas, a heresia e a apostasia. Nem perdem de todo a vida sobrenatural os que pelo pecado perderam a caridade e a graça santificante, e por isso se tornaram incapazes de mérito sobrenatural, mas conservam a fé e a esperança cristã, e, alumiados pela luz celeste, são divinamente estimulados com íntimas inspirações e moções do Espírito Santo ao temor salutar, à oração e ao arrependimento das suas culpas.
Tenha-se, pois, sumo horror ao pecado que mancha os membros místicos do Redentor; mas o pobre pecador que não se tornou por sua contumácia indigno da comunhão dos fiéis seja acolhido com maior amor, vendo-se nele com caridade operosa um membro enfermo de Jesus Cristo: Pois que é muito melhor, como nota o bispo de Hipona, «curá-los no corpo da Igreja, do que amputá-los como membros incuráveis. Enquanto o membro está ainda unido ao corpo, não devemos desesperar da sua saúde; uma vez amputado, nem se pode curar, nem se pode sarar».
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