sábado, 20 de abril de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Seguimento de Cristo”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
43 ANOS SACERDOTE
Seguir-Te-ei 
Jesus era decidido, como escreve o evangelista Lucas: “Estava chegando o tempo de Jesus ser levado para o céu. Então tomou a firme decisão de partir para Jerusalém” (Lc 9,51). Era firme em suas decisões. E quer igualmente que seus seguidores sejam firmes na decisão. A primeira leitura narra a vocação de Eliseu. O profeta Elias lança o manto sobre ele para comunicar sua vocação como posse Divina. Eliseu imediatamente sacrificou sua junta de bois, assando-a com a madeira do arado. Decisão firme. No evangelho Jesus cobra também firmeza de decisão. Quais os que não servem para seguir Jesus? Tem um caminho claro que exige decisão e rompimentos. O primeiro grupo que não está apto a seguir Jesus é dos que não se dispõem ao desapego e sua liberdade. Mais sofridas que a vida foi sua paixão e morte. Outro tipo são os apegados às questões familiares. Jesus não está dizendo que se deve desprezar a família e seus negócios. Mas o Reino exige uma exclusividade. Mortos, aos quais Jesus se refere, não em sentido de desprezo, são os que têm compromissos que os envolvem e não permitem tempo para o Reino. Outro tipo são os apegos aos pais: “Deixa ir despedir-me de meus pais”. O afeto é bom e deve ser dosado com a disposição de servir ao Reino. A resposta de Jesus mostra seu conhecimento da vida do campo. Quem não presta atenção no sulco do arado, não faz um serviço bem feito e atrapalha o trabalho. Jesus não é exigente. O que quer é exclusividade para o Reino. Ou tudo ou nada. Foi essa sua maneira de viver. 
Espírito e carne 
Paulo insiste que Deus nos chamou para a liberdade. Não podemos nos amarrar com outro vínculo (Gl 5,1). O Apóstolo faz uma reflexão sobre a liberdade e a libertinagem. Temos liberdade para fazer todo o bem. Libertinagem não vem do bem, mas nos amarra como uma escravidão. Se for preciso força para sair de um vício, é sinal que nos escraviza. O amor não escraviza; o apego sim. E acrescenta que devemos proceder segundo o Espírito e não satisfazer os desejos da carne. Carne não é o dom de nossa natureza humana, mas o desvio. Carne significa aqui a oposição ao Espírito e também a prática externa da lei dos judeus que estava cheia de prescrições. Não se trata da Lei de Deus, mas das leis humanas que podem ser mudadas e não devem ser absolutizadas. Jesus era avesso a isso tipo de observância que chegava a anular a lei de Deus. S. Paulo luta contra os judeus por isso, inclusive enfrentou os outros apóstolos contra a lei da circuncisão que queriam impor aos pagãos. No concílio de Jerusalém vão definir: os pagãos convertidos não precisam seguir a lei dos judeus. Na Igreja está voltando a tentação de fazer leis para tudo. É o medo da liberdade. Paulo insiste que amor resume todas as leis (Gl 5,14). 
Vós me ensinais o caminho 
Os samaritanos recusaram Jesus. Os discípulos João e Tiago querem uma vingança vinda do alto. O caminho de Jesus, contudo, é sempre composto pela misericórdia e pelo acolhimento. Já é uma escola e um caminho na evangelização para os discípulos. As imposições que não correspondem ao Reino devem ser eliminadas. E há muitas. Jesus nos dá a liberdade de viver bem em qualquer circunstância. O salmo 15 nos faz rezar e nos dispor sempre mais ao Reino de Deus. Somente a partir de um relacionamento com Deus podemos nos definir pelo Reino. A formação do povo na Eucaristia leva a essa opção.

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