quinta-feira, 4 de outubro de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “Estabelecer a paz”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA-REDENTORISTA
50 ANOS CONSAGRADO
Aliança para a paz.
               Quando entra em Jerusalém, o Senhor chora sobre a cidade: “Ah! Se neste dia também tu conhecesses a mensagem de paz” (Lc 19,42). Na primeira leitura lemos que Deus faz aliança com Noé e coloca seu arco no céu. É o arco-íris que lembra o arco de guerra. Deus quer a paz (Gn 9,13). No Natal os Anjos cantam aos pastores: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens que Ele ama” (Lc 2,14). Paulo exclama: “Deixai-vos reconciliar” (2Cor 5,20). O Messias veio para trazer a paz e a reconciliação. Chamamos de Quaresma (40 dias) esse tempo de preparação para a Páscoa para viver a reconciliação pela Morte e Ressurreição do Senhor. As leituras nos levam a perceber a aliança que Deus fez durante a história da salvação para culminar com a aliança selada com o sangue do Filho. A salvação chega a nós e é explicada através de muitos símbolos. Na leitura sobre o dilúvio entendemos que as águas nos purificam e a arca simboliza o batismo que hoje é nossa salvação como nos explica Pedro (2Pd 3,21). Neste quadro de aliança, surge a questão da tentação. É bom ser tentado, como nos diz S. Agostinho: “Enquanto somos peregrinos neste mundo, não podemos estar livres de tentações, pois é através delas que se realiza nosso progresso e ninguém pode conhecer-se a si mesmo sem ter sido tentado. Ninguém pode vencer sem ter combatido, nem pode combater se não tiver inimigo e tentações” (CCL 39,766). As tentações de Cristo nos animam a não temermos. Ele foi realmente tentado, como nós. “Ele nos representou em sua pessoa quando quis ser tentado... Em Cristo tu eras tentado, porque Ele assumiu tua condição humana, para te dar a sua salvação... Se Nele fomos tentados, Nele também venceremos o demônio... Reconhece-te Nele em sua tentação, reconhece-te Nele em sua vitória” (Idem). Esta vitória nos dá a paz e reafirma nossa aliança. Na oração, no texto original em latim, dizemos sacramento da Quaresma. Como sacramento, não só lembra, mas torna presente o mistério recordado e faz agir.
Vitórias sobre o mal
               Deus projeta uma permanente aliança. Pendurou seu arco no céu e não quer mais castigar a terra. Para superar as grandes tentações contra o projeto de paz de Deus, o esforço humano procurará mudar de mentalidade, que significa converter-se. Certamente não temos as belas tradições do passado. Houve um aprofundamento. Não ficamos na periferia das questões, mas vamos a sua raiz. É a vitória sobre o mal. É a Páscoa que se atualiza na vida de cada um. O profeta Joel é claro: “Rasgai os vossos corações e não as vossas vestes” (Jl 2,13). Não bastam atitudes exteriores, é preciso mudar a fonte do mal que nos domina. Aí sim podemos assumir as atitudes bonitas da penitência, do jejum e outros. É preciso encontrar modos que correspondam ao nosso mal. Rezamos: “Mostrai-nos Senhor vossos caminhos, fazei-me conhecer vossa estrada” (Sl 24).
Uma comunidade de vida.
               No deserto Jesus vivia entre os animais selvagens e os anjos O serviam. A comunidade tem dificuldades que são selvagens. Mas temos também, nessa comunidade, o serviço mútuo dos anjos que sevem. A Quaresma não é um exercício individual, mas uma comunhão de vida no serviço fraterno, sobretudo para com os mais necessitados. É de se pensar em tirar um pouco do que temos para dar aos que não o tem. Dar vida é o que nos garante ter  Vida. O tempo de deserto para Jesus não era solidão, mas comunhão com o Espírito Santo. Daí parte para evangelizar semeando a paz.
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