A
misericórdia lembrada nesse domingo como um atributo de Deus, não é um sentimento
de dó que esperamos, mas é projeto fundamental de Jesus. Não é devocional nem
fruto de piedade. É expressão do ser de Deus que nos conduz à fé em Jesus. Zacarias
reconhece que o nascimento de João Batista foi obra da misericórdia de Deus que
veio visitar seu povo (Lc
1,78). E Maria proclama que “sua misericórdia se estende de geração em
geração sobre aqueles que O temem” (50). A misericórdia se manifesta no envio de seu Filho para
nossa salvação. Ela continua em ações e culmina em sua entrega à morte. O fruto
da misericórdia é sua ressurreição. Misericórdia não é dó dos sofredores e,
muito menos está voltada somente para o perdão de nossas fragilidades, mas para
remissão total dos pecados dando o Espírito Santo: “Recebei o Espírito Santo! A
quem perdoardes os pecados eles lhes serão perdoados” (Jo 20,22-23). Misericórdia é aceitar
nossa fé frágil e exigente como a que manifestou Tomé. Essas maravilhas de Deus
nos convidam a crer em Cristo para ter vida eterna. Crer é amar e não é saber
um o código de doutrinas. Nossa fé é grande vitória que vencerá o mundo,
fazendo-o de Deus. João é claro quanto ao modo de viver nossa fé pelo amor: “Todo
o que crê que Jesus é o Cristo, nasceu de Deus e quem ama aquele que gerou alguém,
amará também aquele que Dele nasceu. Podemos saber que amamos os filhos de Deus
quando amamos Deus e guardamos seus mandamentos” (1Jo 5,1-2).
A
Páscoa cria e desenvolve a comunidade.
A
misericórdia constrói a comunidade. O texto dos Atos dos Apóstolos narra como a
Ressurreição gerara uma vida diferente nas comunidades cristãs primitivas.
Sabemos que a perfeição não era total, mas a comunidade era viva e aberta à
misericórdia: “A multidão dos fiéis tinham um só coração e uma só alma” (At 4,32-35). Sair de
si para ir ao encontro do outro é o fundamento da vida nova que se concretiza
na comunidade. O encontro com Cristo levava os irmãos a se desapegarem dos bens
materiais, colocando-os em comum, pois o irmão é a maior riqueza. Sabemos que
esta é uma das provas de que a Eucaristia é um bom equilíbrio social. Se alguém
passa fome ou sofre outros males na comunidade é porque a Eucaristia não é bem
celebrada. Deus oferece um mundo novo, mas o egoísmo projeta um mundo de
divisões e males sem fim. A celebração anual da Páscoa é um estímulo à
renovação de nosso mundo. Não um mundo distante, mas aquele no qual vivemos. A
misericórdia que se fixa só na devoção e não muda o coração não condiz com a
mensagem redentora de Jesus que deu a vida para dar-nos vida nova.
Compreendamos
melhor o batismo
A Páscoa é definitiva. Vamos aos poucos compreendendo seu sentido e sua
força em nossa vida. Por isso a oração da Eucaristia nos leva rezar: “Aumentai
em nós a graça que nos destes. E fazei que compreendamos melhor o batismo que
nos lavou, o Espírito que nos deu nova vida e o sangue que nos redimiu”. A
Páscoa é um grande dom. E concluímos a celebração com um desejo: que
conservemos em nossa vida o sacramento pascal que recebemos. Em tudo fomos
transformados para levarmos adiante essa transformação. Como Tomé podemos repetir
sempre e em tudo: “Meu Senhor e meu Deus”. Esta é a maior proclamação de fé que
possamos fazer e que Tomé fez por nós. Por isso somos chamados felizes porque
não precisamos tocar, pois cremos (Jo 20,29).
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