quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “Faço novas todas as coisas”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
1258. Um Deus sempre novo
            As representações religiosas na história da arte sempre apresentaram Deus como um senhor idoso com barbas brancas e de um vigor respeitável. A sociedade, no seu ateísmo oportunista, vê em Deus um envelhecido que não tem o que dizer para os tempos atuais. Ele é uma lenda. Há muitas pessoas intelectuais que têm a religião como algo inferior. Contudo passam e Deus permanece eternamente o mesmo. Amanhã seremos os antiquados. Ele é Aquele que era, que é e que será. A vida de Deus não tem de nossa categoria temporal na qual o tempo nos desgasta e somos encostados como um pano velho. Temos o costume de julgar a Deus com nossas categorias antropomórficas, isto é, de modo humano, o que nos complica para conhecer e acolher sua eterna novidade. Deus sempre o mesmo, o novo. O que envelhece são nossos conceitos e também nossos preconceitos. A novidade de Deus não está como uma reflexão de idade, mas em ser sempre acessível em quaisquer circunstâncias. Infelizmente tomamos Deus para apoiar nossos pensamentos como fossem os seus. A religião corre grande risco de usar Deus e não de servi-Lo e amá-Lo. Isso é o que diz o segundo mandamento: “Não tentarás o Senhor teu Deus”. As verdades fundamentais nós as colhemos na lei natural e são assumidas pela fé e pela Palavra do Evangelho. Jesus impõe poucas normas de vida que se resumem no respeito e amor ao próximo, e mesmo ao inimigo e no acolhimento de Deus como Amor. Sua eterna novidade é ter um amor sempre novo por sua criatura amada e acolher o amor de todos em seu modo de ser e manifestar-se.
1259. Renovando os corações
            Por que Jesus coloca o amor como único mandamento, síntese de todos os demais, como o seu mandamento? É justamente porque ele nos une ao eternamente novo que é o amor de Deus. Participar do Ser de Deus, ter a vida eterna como constituição espiritual, é viver a perenidade do amor em suas situações concretas. Vejamos que a vida espiritual foi estabelecida sobre tantos suportes, mas não sobre o amor. A preocupação é a execução de leis, e não a vivência do relacionamento de amor. Os planos pastorais não priorizam o amor pelos necessitados que são prediletos do Pai. Jesus bem o declara na parábola da ovelha perdida e do Pai amoroso que acolhe o filho que se perdera. Renovar os corações, na linguagem de Paulo, é revestir-se de Cristo. Não se trata de um revestir-se exteriormente, e sim no interior como um novo modo de vida, de pensar e agir. É uma vida nova. O mistério redentor de Cristo atinge a pessoa em sua raiz. É a temática da Ressurreição em nossa vida, como lemos na carta aos Colossenses (Cl 3,1-4).
1260. Uma terra renovada
            Onde chega o amor de Cristo, através daqueles que O acolheram, acontece a mudança do mundo. A missão que Cristo nos confia é transformar as realidades terrestres e os relacionamentos do povo através do dinamismo do amor Divino. Uma religião que se volta só para si não cumpre sua missão primeira que é elevar as pessoas e o mundo. A fome do ter, do poder e do prazer que se expressam na vaidade, orgulho e corrupção, é um dano para a humanidade e para o universo. A profecia que se encontra no início da humanidade: “maldita seja a terra por tua causa” (Gn 3,17), na ocasião do pecado original, foi desfeita por Jesus. A redenção que Jesus nos trouxe, será realidade no exercício do amor que, pela Palavra, pelo serviço fraterno e pela adoração a Deus sanarão todos os males e teremos um novo céu e uma nova terra.

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