Evangelho segundo S. Lucas 12,39-48.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Compreendei isto: se o dono da casa
soubesse a que hora viria o ladrão, não o deixaria arrombar a sua casa. Estai vós também preparados, porque na hora em que não pensais virá o Filho
do homem». Disse Pedro a Jesus: «Senhor, é para nós que dizes esta parábola,
ou também para todos os outros?». O Senhor respondeu: «Quem é o
administrador fiel e prudente que o senhor estabelecerá à frente da sua casa,
para dar devidamente a cada um a sua ração de trigo? Feliz o servo a quem o
senhor, ao chegar, encontrar assim ocupado. Em verdade vos digo que o porá à
frente de todos os seus bens. Mas se aquele servo disser consigo mesmo: ‘O
meu senhor tarda em vir’; e começar a bater em servos e servas, a comer, a beber
e a embriagar-se, o senhor daquele servo chegará no dia em que menos espera
e a horas que ele não sabe; ele o expulsará e fará que tenha a sorte dos
infiéis. O servo que, conhecendo a vontade do seu senhor, não se preparou ou
não cumpriu a sua vontade, levará muitas vergastadas. Aquele, porém, que,
sem a conhecer, tenha feito ações que mereçam vergastadas, levará apenas
algumas. A quem muito foi dado, muito será exigido; a quem muito foi confiado,
mais se lhe pedirá».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos
Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Fulgêncio de Ruspas (467-532), bispo no Norte de África
Sermão
1; CCL 91A, 889
«Servidores de Cristo e administradores dos mistérios de Deus» (1Cor
4,1)
Para bem precisar o papel dos servos que
colocou à frente do seu povo, o Senhor diz estas palavras que o Evangelho narra:
«Quem é o administrador fiel e prudente que o senhor estabelecerá à frente da
sua casa, para dar devidamente a cada um a sua ração de trigo? Feliz o servo a
quem o senhor, ao chegar, encontrar assim ocupado.» Quem é este senhor, irmãos?
Sem dúvida alguma é Cristo, que disse aos discípulos: «Vós chamais-me Mestre e
Senhor, e dizeis bem, porque o sou» (Jo 13,13). E quem é o pessoal da casa de
tal senhor? É evidentemente aquele que o próprio Senhor resgatou das mãos do
inimigo, e tornou seu. Esse pessoal é a Igreja santa e universal, que com
maravilhosa fecundidade se propaga por todo o mundo e se glorifica por ter sido
resgatada pelo preço do sangue do Senhor [...].
Mas quem é o
administrador fiel e prudente? O apóstolo Paulo no-lo mostra, ao falar de si
próprio e dos seus companheiros nestes termos: «Considerem-nos, pois, servidores
de Cristo e administradores dos mistérios de Deus. Ora, o que se requer dos
administradores é que se sejam fiéis» (1Cor 4,1-2). E para que nenhum nós pense
que apenas os apóstolos se tornaram administradores, e para que nenhum servo,
preguiçoso e infiel, abandone o combate espiritual ou se ponha a dormir, o santo
apóstolo refere-se claramente aos próprios bispos como administradores: «É
preciso que o bispo, como administrador de Deus, seja irrepreensível», diz-nos
(Tit 1,7). Somos, pois, os servos do Pai de família, os administradores do
Senhor, e dele recebemos a ração de trigo que distribuiremos por vós.
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