O palhaço salva o espetáculo. O humor é uma virtude que não faz sucesso em
muitas espiritualidades. A espiritualidade, dizem, é seriedade. Pergunto-me se
a verdade tem cara séria. Os inocentes, crianças e especiais, adoram o palhaço.
Lembro-me de uma reportagem sobre João Paulo II, em uma audiência pública, na
qual uns palhaços se apresentaram. Ele ria tanto que os médicos ficaram
preocupados, porque lhe podia fazer mal às cirurgias recentes. O humor é ótimo
para a alegria do caminho do Céu. Não temos imagens e pinturas de Jesus, Nossa
Senhora e os santos, sorrindo. Felizmente, Nossa Senhora Aparecida é
sorridente, a ponto de mostrar os dentinhos. Temos que levar a sério as coisas
da vida e da fé. Mas, a verdade não precisa ser mostrada de cara fechada. A fé,
a moral, o dogma, a salvação eterna, a liturgia, a penitência provocam em nós
bem estar e alegria. O humor provoca alegria. Não se trata de leviandade ou
chocarrice. Ser azedo e impor medo é mais fácil do que sair de si, mesmo no
sofrimento, e provocar a alegria. Diz-se que o palhaço, mesmo com o coração
ferido, faz os outros se alegrarem. Já há tempo se diz que uma gota de mel
ajunta mais moscas que um barril de vinagre. O orgulho, até espiritual, não é
de bom humor. Escreve o Pe. Häring: “O humorismo sadio é um dos principais
sinais da grande riqueza dos bens da redenção que muito pode alegrar os outros”
Citando Santo Tomás, Pe. Häring comenta que “não lhe importa o orgulho, mas a
quente e redimida afabilidade que se encontra até entre os humildes e os
pobres, ou seja, aquela transbordante jovialidade dos filhos de Deus”.
Jesus tinha bom humor
Deus, ao criar mundo, estava sorrindo, pois as cores,
as flores, as estrelas, as pedras preciosos, os regatos, os segredos mais
íntimos dos seres criados e tanta coisa bonita denotam este humor da Trindade.
Ao entrar na história da humanidade para comunicar a participação de seu
mistério, sempre causou alegria. Alegrou os humilhados, tornou férteis os seios
amortecidos. Sara chama seu filho de Isaac, quer dizer, Deus me deu motivo para
sorrir. Liberta o povo abrindo o mar, tirando água da rocha, chovendo pão do
céu. Com seus milagres, Jesus tornava alegres situações dolorosas. Sua presença
fazia o povo feliz. Que beleza a multiplicação dos pães, a ressurreição dos
mortos. A Ressurreição e sua presença entre os seus causavam uma louca alegria.
Humor com amor
“Para que o humorismo seja verdadeiramente redentor, será necessário que ele seja concebido e usado como um dom divino que, com agradecimento e alegria, deveremos transmitir aos outros” (idem). Por isso, o humorismo jamais será uma virtude se fere ou humilha as pessoas. Não pode se transformar em psicologia de galinheiro: ‘Todos bicam o frango doente’. A tendência de pegar o defeito do outro e transformá-lo em motivo de gozação destrói as pessoas. Devemos promover e não remover as pessoas. Deverá ser sempre o humor curativo que anima e promove as pessoas. A pessoa dotada deste humorismo sabe ser delicada. O autêntico humorismo dos redimidos tem sempre algo de libertador e redentor. O mundo seria pobre sem esta virtude que faz jorrar a alegria. Que sua vida seja sempre uma oportunidade de transmitir o bom humor!
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