Evangelho segundo S. Mateus 5,33-37.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Ouvistes o que foi dito aos antigos:
Não perjurarás, mas cumprirás diante do Senhor os teus juramentos. Eu,
porém, digo-vos: Não jureis de maneira nenhuma: nem pelo Céu, que é o trono de
Deus, nem pela Terra, que é o estrado dos seus pés, nem por Jerusalém, que é
a cidade do grande Rei. Não jures pela tua cabeça, porque não tens poder de
tornar um só dos teus cabelos branco ou preto. Seja este o vosso modo de
falar: Sim, sim; não, não. Tudo o que for além disto procede do espírito do
mal.»
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos
Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África), doutor da
Igreja
«O espírito e a letra», §§27-33
A graça permaneceu velada no Antigo
Testamento, mas foi revelada no Evangelho de Cristo quando chegaram os tempos
previstos por Deus para a revelação da sua bondade. […] Comparando estas duas
épocas, notamos uma diferença profunda. No sopé do Sinai, o povo, tomado de
pavor, não ousava aproximar-se do local onde Deus dava a sua lei (Ex 19);
enquanto no cenáculo, o Espírito Santo desceu sobre aqueles que estavam reunidos
aguardando a realização da promessa (Act 2). Ali, o dedo de Deus trabalhou em
tábuas de pedra (Ex 31,18); aqui, no coração dos homens (Lc 11,20). […]
«A realização perfeita da lei é o amor» (cf Mt 5,17). Esse amor de
caridade não estava escrito nas tábuas de pedra, mas «derramou-se nos nossos
corações pelo Espírito Santo que nos foi dado» (Rom 5,5). Portanto, a lei de
Deus é a caridade (Rom 13,10). O desejo da carne não se submete à lei de Deus;
nem sequer é capaz disso (cf Rom 8,17); para reprimir o desejo da carne, foram
escritas as obras de caridade nas tábuas de pedra; era a lei das obras, a letra
que mata aqueles que praticam o mal. Mas, quando a caridade se espalhou no
coração dos crentes, apareceu a lei da fé e o Espírito que dá a vida aos que
amam.
Vede como a diferença entre essas duas leis se conjuga
perfeitamente com as palavras do apóstolo Paulo: «É evidente que sois uma carta
de Cristo, confiada ao nosso ministério, escrita, não com tinta, mas com o
Espírito do Deus vivo; não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, que são
os vossos corações» (2Cor 3,6.5). E tudo isso é admiravelmente confirmado pelo
profeta Jeremias: «Dias virão em que firmarei uma nova aliança com a casa de
Israel e a casa de Judá – oráculo do Senhor. Não será como a Aliança que
estabeleci com seus pais. […] Imprimirei a minha lei no seu íntimo e gravá-la-ei
no seu coração» (cf Jer 31,31s).
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