Príncipe de vida exemplar, rigoroso contra toda injustiça, caritativo, paciente e fervoroso, modelo de como se pode praticar a virtude heróica no trono
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Reinando por Nosso Senhor Jesus Cristo
Esse príncipe verdadeiramente cristão quis fazer Jesus Cristo reinar em seus estados. Sua primeira providência foi restituir à Religião seu primitivo esplendor, trabalhando também para extinguir os últimos restos de paganismo no país e fazer nele reinar a paz de Cristo. Para progresso e esplendor da verdadeira Religião, dedicou-se a reformar as igrejas deterioradas e a construir novas. Entre elas edificou a célebre basílica de Nossa Senhora de Waradin, que se tornou magnífico monumento de piedade mariana e de louvor à Virgem Mãe de Deus, de quem era fiel devoto.
Notável por sua bondade, justiça e caridade, Ladislau constituiu-se o sustentáculo dos órfãos, dos infelizes e de todos os aflitos. Mostrava em seus julgamentos tanta suavidade e desejo de ajudar, que era olhado mais como um pai que acomodava as diferenças dos filhos do que como juiz.
Em seu palácio não se ouviam imprecações, blasfémias nem palavras desonestas. Os jejuns eclesiásticos eram observados rigorosamente. Cada um procurava ser tão exímio em seu comportamento, que se diria terem alcançado a perfeição de um palácio real.
Ladislau convocou e presidiu uma assembleia entre os prelados e a nobreza, submetendo à sua deliberação uma série de ordenações de acordo com as peculiaridades de seu povo e a Lei Divina. Tais ordenações foram muito eficazes, mas o exemplo do rei era ainda mais cogente do que qualquer lei para manter os súbditos em seus deveres e na exemplaridade de vida. Ele somente ordenava aquilo que era o primeiro a cumprir, e sendo o mais fiel cumpridor dos mandamentos de Deus e da Igreja, tornou-se uma lei viva, que indicava a cada um o próprio dever.
Propõe-se a abdicar em favor do primo
Ladislau fez de tudo para conquistar para Deus seu primo Salomão. Concedeu-lhe uma pensão principesca para que vivesse de acordo com seu nascimento, e enviou várias vezes altos prelados e homens de Estado para tentar aplacá-lo. Ofereceu mesmo deixar-lhe o trono, se ele mudasse de vida. Salomão respondeu a isso com traições e ameaças à vida do santo, chegando a conjurar-se com os hunos para atacar o país. Derrotado, foi preso numa praça-forte.
Mas não por muito tempo. Quando Ladislau quis trasladar os restos de Santo Estêvão para um lugar mais digno e mandou exumá-los, os operários não conseguiam abrir o túmulo, por mais que tentassem. Uma santa religiosa declarou então ao rei que, segundo manifestação divina, a causa daquela dificuldade era a sua excessiva severidade contra Salomão, que desgostara grandemente ao Senhor. Ele acatou com humilde simplicidade a determinação divina e mandou libertar o prisioneiro, devolvendo-lhe todos os seus bens.
Salomão empenhou-se depois em várias guerras contra príncipes vizinhos, foi derrotado e forçado a fugir para uma espessa floresta, da qual não reapareceu. Historiadores dizem que, no isolamento, ele finalmente se arrependeu de seus desmandos. E, para fazer penitência, passou vários anos como solitário na floresta, onde morreu santamente, sendo enterrado em Póla, cidade da Ístria. Esse feliz resultado seria devido em grande parte às orações de São Ladislau, que não deixava de rezar por ele.
Valente na batalha, magnânimo na vitória
Embora fosse de índole pacífica, e talvez por causa disso, Ladislau teve que fazer face a vários inimigos que tentavam despojá-lo de seu trono. Procurava resolver os litígios por meios pacíficos, mas quando estes não surtiam efeito, saía destemidamente à frente de suas tropas. Assim, venceu os polacos, tomando-lhes de passagem Cracóvia, sua capital; expulsou os bárbaros da Dalmácia e os hunos, que assolavam a Hungria, obrigando-os a pedir paz. Conquistou também parte da Bulgária e da Rússia.
De estatura elevada e majestosa, nas guerras ele era o primeiro a cavalo. À testa do exército, cumpria as funções do mais intrépido capitão e bravo soldado. Naqueles tempos cavalheirescos, para poupar vidas humanas, ele desafiava os generais dos exércitos inimigos para combates singulares, nos quais saía sempre vencedor.
Antes de empreender qualquer expedição, ordenava orações públicas e três dias de jejum para o bom êxito da empresa. De sua parte, preparava-se também com o jejum e a recepção dos sacramentos, para que o Senhor dos Exércitos lhe fosse propício. Era tão valente no campo de batalha quanto magnânimo na vitória.
Libertar a Terra Santa do islamismo
O que sobretudo almejava esse destemido rei era conduzir um exército contra os infiéis, para retomar a Terra Santa. Assim, quando o bem-aventurado papa Urbano II pregou a Cruzada, quis ser dos primeiros soldados da cruz. E quando os reis da França, Espanha e Inglaterra — que também fariam parte da expedição — pediram a Ladislau que chefiasse a armada, aceitou muito contente e se preparou para a tarefa. Mas os planos de Deus eram outros. Houve uma insurreição entre os boémios, e ele foi forçado a pacificá-los. Caiu gravemente enfermo, e soube que seus dias estavam contados.
Tendo recebido com fé e alegria todos os socorros que a Santa Mãe Igreja tem para seus filhos em transe de morte, entregou sua bela alma a Deus no dia 30 de Julho de 1095.
Não houve na Hungria monarca mais pranteado que ele. Todos consideravam os 18 anos de seu reinado como uma bênção do Céu. Durante três dias a nação inteira levou luto pelo seu rei, privando-se de qualquer entretenimento. Os restos mortais foram levados em cortejo para a igreja de Nossa Senhora. Segundo os cronistas, foi mais um triunfo do que uma pompa fúnebre.
Foram tantos os milagres realizados por sua intercessão, que o Papa Celestino III o elevou à honra dos altares no ano de 1192. O culto a São Ladislau é muito popular na Hungria, onde é chamado São Lalo. É o patrono de grande número de igrejas, e seu nome é dado aos recém-nascidos com muita frequência, tanto lá quanto na Polónia. Costuma ser representado a cavalo, com um sabre numa das mãos e o terço na outra, pois era este o modo como comandava as batalhas.
Plínio Maria SolimeoRevista Cotolicismo
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