Documentos autênticos do século X atestam a existência, fora dos muros de Estrasburgo, de uma igreja dedicada a s. Aurélia, que remonta a uma época consideravelmente anterior. Uma cripta na igreja guardava as relíquias da santa, muito venerada pela população, que durante a Idade Média costumava invocá-la contra a febre. Mais tarde, na época das revoltas religiosas suscitadas pela Reforma Protestante, a igreja, que havia sido erguida como paróquia da cidade desde o século XI, passou para os luteranos, que em 1524 profanaram o túmulo da santa e dispersaram suas relíquias, mas não conseguiram extinguir o culto, que ainda hoje está vivo.
A esta informação pode ser adicionado o relato de Walafrid Estrabão, segundo o qual s. Columbano, que deixou Zuscenil na companhia de St. Galo, seu discípulo, chegou a Bregenz no Lago Constança (610-11) e encontrou lá um oratório em mau estado dedicado a Santa Aurélia. Mais tarde (postmodum) Columbano, com uma função solene, restaurou o templo à sua honra original, que anteriormente havia sido profanada por ritos pagãos supersticiosos. Enquanto o povo caminhava em procissão ao redor da igreja restaurada, ele a aspergiu com água benta, renovou sua dedicação, "unxit altare et beatae Aureliae reliquias in eo collocavit". O fato traria a existência da santa e seu culto de volta a uma data muito antiga. E se, de acordo com os estudiosos autorizados, se admite que o santo de Estrasburgo e o de Bregenz são uma e a mesma pessoa, pode-se pensar que São Columbano estava de posse das relíquias de Aurélia. É possível, de fato, que o santo, passando por Estrasburgo em sua viagem à Alemanha, tenha recebido como presente as relíquias de Aurélia, que depois colocou em Bergenz, no altar restaurado.
Mas todas essas informações, embora sejam um testemunho útil do culto prestado a Aurélia, certamente não são suficientes para nos esclarecer sobre sua pessoa e sobre os eventos de sua vida. Por outro lado, o relato fornecido pela Vida de Aurélia, segundo o qual a santa era uma das onze mil companheiras de São Paulo. Ursula, é inaceitável. De acordo com este texto, inserido na redação mais antiga conhecida do mesmo (1399), no Próprio do breviário da diocese de Estrasburgo (impresso em 1489), Aurélia, durante a viagem do grupo de s. Úrsula no Reno, de Basileia a Colônia, acometida por uma forte febre, teria sido forçada a desembarcar em Estrasburgo com três companheiros designados a ela por São Paulo. Ursula como enfermeiras: Einteth, Worbeth e Vilbeth. Aurélia não se recuperou de sua doença e morreu nesta cidade. A Aurelia venerada em Estrasburgo não deve ser confundida com seu homônimo em Regensburg.
A festa de Aurélia, que é lembrada no Martirológio Romano, é celebrada em 15 de outubro.
Autor: Celestino Testore
Fonte:
Bibliotheca Sanctorum
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