Evangelho segundo São João 19,31-37.
Por ser a Preparação da Páscoa, e para que os corpos não ficassem na cruz durante o sábado – era um grande dia aquele sábado –, os judeus pediram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados.
Os soldados vieram e quebraram as pernas ao primeiro, depois ao outro que tinha sido crucificado com Ele.
Ao chegarem a Jesus, vendo-O já morto, não Lhe quebraram as pernas,
mas um dos soldados trespassou-Lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água.
Aquele que viu é que dá testemunho e o seu testemunho é verdadeiro. Ele sabe que diz a verdade, para que também vós acrediteis.
Assim aconteceu para se cumprir a Escritura, que diz: «Nenhum osso Lhe será quebrado».
Diz ainda outra passagem da Escritura: «Hão de olhar para Aquele que trespassaram».
Tradução litúrgica da Bíblia
(1256-1301)
Monja beneditina
«O arauto», Livro III, SC 143
«Hão de olhar para Aquele que trespassaram»
Numa sexta-feira, estando o dia já no seu ocaso, Gertrudes, contemplando a imagem do crucifixo e comovida com essa visão, disse ao Senhor: «Ó meu dulcíssimo Amante, quanto sofreste pela minha salvação neste dia, que eu, na minha total infidelidade, desperdicei, gastando-o em muitas ocupações, e esquecendo-me de recordar ao longo do dia com fervor, ó minha eterna Salvação, que Tu sofreste por mim em todas as suas horas, e que Tu, a Vida de onde provém toda a vida, morreste por amor do meu amor».
Do alto da cruz, o Senhor respondeu-lhe: «Tudo o que te esqueceste de fazer, fi-lo Eu por ti, recolhendo no meu coração a cada hora tudo o que deverias ter formado no teu, e essa acumulação dilatou de tal modo o meu coração que com grande desejo esperei o momento em que Me viria esta tua oração; posso finalmente oferecer a Deus meu Pai tudo o que fiz por ti durante o dia; pois sem esta oração nada disto poderia servir para a tua salvação». Isto mostra o que é o amor fidelíssimo de Deus pelos homens.
Noutra ocasião, tendo na mão a imagem de Cristo crucificado, compreendeu que o Senhor olha com misericórdia tão benévola quem contempla com a atenção da piedade a imagem da cruz de Cristo que a alma, qual espelho límpido, recebe em si, por efeito do amor divino, esta imagem toda deleitável que alegra a corte celeste; e terá a eterna glória futura.
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