domingo, 16 de abril de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “Onde vamos comprar pão?”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
A festa da Páscoa estava próxima 
O discurso sobre o Pão da Vida, no evangelho de S. João, explica a Eucaristia. Ele escreve que “estava próxima a Páscoa dos judeus” (Jo 6,4). Une, então, a Eucaristia à Páscoa. Com a narração da multiplicação dos pães dá o sentido da Eucaristia. João procurava superar o ritualismo judaico que penetrava a Eucaristia. A Páscoa de Jesus deixa de ser um rito a ser celebrado em lugar prescrito, mas volta a ser um momento de libertação, uma proposta de caminho para se chegar à terra prometida. A Páscoa não é mais para um pequeno grupo profético, mas é para todos os povos. Não é comida por um grupo de escolhidos, mas também, de modo abundante, por todos os excluídos. A cena da multiplicação é cheia de símbolos. Jesus é o mestre que se assenta e o povo discípulo que aprende. O povo não está no deserto seco, mas na relva. A Igreja é terra fértil onde se multiplica o pão. Jesus, o novo Moisés, se preocupa com a necessidade do povo. Mesmo sabendo o que faria, envolve os apóstolos. André, nome que significa humano, apresenta uma solução: “Há um menino que tem cinco pães e dois peixes. Mas o que é isso para tanta gente?”(Jo 6,9). Cinco é símbolo de fragilidade. A palavra peixe, em grego, dá o acróstico da frase: “Jesus Cristo, de Deus Filho, Salvador”. A solução não é somente humana mas também de fé. Na História da Salvação são os frágeis que dão um novo rumo, por exemplo: a irmã de Moisés, o menino Samuel, o garoto Davi, o jovem Jeremias, a jovem Maria e hoje, nós. A Páscoa de Jesus é forte para os fracos. A fé em Jesus nos introduz na Páscoa do verdadeiro Pão. Jesus dá sua carne como alimento. 
O amor pascal multiplica 
O pão da Eucaristia é o Corpo do Senhor. Ele é partido e repartido como realização da salvação e modelo que devemos seguir para realizá-la em nossa vida. Isso é Páscoa. Jesus deu graças e repartiu. Nós o fazemos na missa. Os doze cestos significam a abundância. Mesmo frágeis, com a Eucaristia, podemos realizar a abundância que sobrou da partilha do pouco. Jesus multiplica os pães num gesto de amor misericordioso. Atualmente há uma crise de alimento no mundo. Somos frágeis diante dela. Não vamos resolver com o milagre de ter muito o muito, mas partilhar o pouco. A missa bem celebrada ensina a partilhar. Acolher a Páscoa de Jesus é saber partilhar. Páscoa não é só festa, missa não é só rito, é uma vida que transforma o mundo. Se há fome em alguma paróquia é porque ali as missas são mal celebradas. Não basta fazer um rito, é preciso repetir o gesto de Jesus: fazei isto e memória de mim. O ritualismo é um modo fácil de não enfrentar os problemas. É necessária a força educadora da Eucaristia. Páscoa e a Eucaristia mexem em nosso prato. Não digerimos se temos consciência cristã dos problemas.
Caminhar de acordo com a vocação 
 A vocação cristã é gerar unidade e fugir do egoísmo. Ela exige que se viva em paz no serviço fraterno, suportando o peso dos irmãos. O peso da cruz de Jesus não era só uma quantidade de quilos, mas o peso de todos os irmãos que Ele carregava nas costas. Paulo recomenda as virtudes da mansidão, da humildade, da paciência, do amor, da unidade. Elas ecoam o espírito das bem-aventuranças. Ao refletir sobre a Páscoa lembramos nossa devoção eucarística que não é só estar diante do Santíssimo em adoração, mas descobrir o rosto de Cristo no irmão necessitado e realizar para Ele a multiplicação do Pão que dá a vida. Espiritualidade sem ação é morta, ação sem espiritualidade pode matar. 
Leituras: 2 Reis 4,42-44;
Salmo 144;
Efésios 4,1-6;João 6,1-15 
1. Seguiremos, nos próximos domingos o Evangelho de João que nos apresenta o discurso sobre o Pão da Vida. João acentua, narrando a multiplicação dos pães, que estava próxima a festa da Páscoa. Ele procura superar o ritualismo judaico que invadia a Eucaristia. A Páscoa, não é só uma celebração, mas um dom de Deus que não é para um reduzido grupo, mas todos os povos. Jesus é o mestre que ensina e se preocupa como bem do povo. A solução dos problemas vem dos pequenos recursos, cinco pães e dois peixes. 
2. Eucaristia é o Corpo do Senhor. Ele é partido e repartido. A solução do problema do mundo se aprende da Eucaristia que ensina a partir e repartir. Os 12 cestos simbolizam a abundância. Somos frágeis diante da fome do mundo. O milagre não é ter muito, mas repartir o pouco. Não basta celebrar um rito, mas fazer dele uma vida. A Páscoa mexe em nosso prato. 
3. A vocação cristã é gerar unidade e fugir do egoísmo. Exige que se viva em paz no serviço fraterno. Paulo recomenda as virtudes que se referem às bem-aventuranças. A devoção eucarística não é só estar diante do Santíssimo, mas descobrir o rosto de Cristo no irmão necessitado e realizar a multiplicação do Pão que dá vida. 
Pouco com vontade é muito 
Nós sabemos que o mundo passa uma crise muito grande de alimento. Há fome no mundo. E o mundo tem muita riqueza. De onde surgiu tanto dinheiro para salvar os bancos? Não havia para matar a fome das multidões. A crise aumentou. Jesus, com cinco pães e dois peixes, alimentou uma multidão. Quer dizer que há um jeito, com o pouco que possamos ter, salvar a humanidade. E ainda vai sobrar. Onde está a solução? Basta fazer como Jesus fez: partilhar para multiplicar. Isso se chama Páscoa. Sua vida foi dada mesmo sendo o último dos homens. Mas salvou a humanidade. Fica o ensinamento que a Eucaristia nos dá: Missa não é só rezar, é aprender a partir e repartir. Sem isso a fome do mundo não tem solução. Isso é crer em Jesus. 
Homilia do 17º Domingo do Tempo Comum(26.07.2009)

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