sábado, 15 de abril de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “História da santidade”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Mártir
 
A vida cristã participa da história da humanidade. Não podemos julgar um tempo com as categorias que temos agora. Não precisamos aceitar tudo, mas no momento era o melhor caminho. O seguimento de Cristo, como está proposto no Evangelho, apresenta matizes diferentes em cada época. Hoje consideramos santa uma Ir. Dorothy, morta na luta pelo povo. Temos um D. Helder, que foi capaz de colocar a santidade no meio quente do social. No início do cristianismo, a partir do testemunho sangrento de Estevão e dos apóstolos que imitaram Jesus em sua morte, o testemunho de santidade mais forte era dar a vida pela fé em Cristo. Assim, durante uns 300 anos, os cristãos foram perseguidos e não duvidavam em recusar sacrificar aos deuses e se sacrificar por Cristo. A fé estava acima da vida. Pela morte conquistavam a vida. A grandeza do martírio não estava no sofrimento, mas na causa: por Cristo. Assim temos os horrorosos sacrifícios, a começar pelos mártires de Roma, acusados falsamente por Nero de incendiar a cidade, como cita S.Clemente, Papa. A devoção do povo de Deus conservou a memória destes mártires e até hoje são amados e venerados, como por exemplo: S. Sebastião, S.Luzia, S. Expedito, S.Jorge etc... O culto dos mártires nasceu com a conservação de suas relíquias, “como pedras preciosas” como relata a carta sobre o martírio de S. Policarpo. Cada ano celebrava-se a Eucaristia sobre seu túmulo, pois seu sofrimento está unido ao sofrimento e morte de Cristo. Assim se estimulam os cristãos a viver a mesma fé. O martírio não terminou com a liberdade do cristianismo no império romano. Continuou pelos séculos como o maior testemunho, tanto que, o século XX foi o século que mais derramou sangue de mártires, não só católicos. 
Monge do deserto 
Quando as perseguições terminaram, iniciou-se o movimento dos anacoretas (viviam sozinhos). Na Palestina homens e mulheres se retiravam para os desertos, vivendo em grutas, na solidão, na oração e na penitência para o perfeito seguimento de Cristo que viveu no deserto. Era o lugar de vencer a tentação como o fez Jesus. Assim, continuando no Egito, e outros lugares, milhares de monges povoaram os desertos. Ainda hoje existem mosteiros no deserto. Ali havia mestres espirituais. S. Antão, é chamado o pai dos Monges. Viveu 112 anos). Ele inspirou e orientou esta etapa da vida cristã. Sua vida consistia na oração, leitura da Palavra de Deus, penitência e o trabalho. No dizer de S. Antão, para vencer a tentação. Muitos leigos viviam esta espiritualidade vivendo em suas casas. Era um novo modo de seguir a Cristo no seu caminho. O deserto é tido como o lugar do demônio. Então, iam vencê-lo em sua casa. Não viviam em comunidade, mas viviam isolados. 
Mosteiros 
Outro santo, Pacômio, organizou o seguimento de Cristo em comunidades, como a comunidade de Jerusalém. Assim viviam em grupos a mesma idéia de retirar-se do mundo, fazer penitência, viver a Palavra, rezar e trabalhar. Para eles era importante a recitação da Palavra que deviam saber de cor. Recitavam-na continuamente. S. Bento, o pai dos monges do Ocidente, começou como anacoreta (sozinho), depois reuniu em mosteiros para a oração litúrgica, o trabalho e o silêncio. Sua obra atravessou a Idade Média. Os mosteiros, junto com as catedrais foram o centro da vida espiritual. Estes três modos de viver o seguimento de Cristo (mártir, anacoreta e monge) influíram profundamente na Igreja, até hoje, como veremos no próximo tema. São caminhos, mas não os únicos.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM JULHO DE 2009

Nenhum comentário:

Postar um comentário