domingo, 1 de janeiro de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “Esperança que não morre”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
SACERDOTE REDENTORISTA
NA PAZ DO SENHOR
Amor garantido
 
Tudo o que Deus faz é garantido. Deus não criou o mundo por acaso nem para que fosse um nada. Criou porque tem um fim. A vida de Cristo não é um capítulo de novela que termina. “Nele, tudo se encaminha para a vitória final do Amor” (Pe. Häring). Tudo o que fazemos e nos estimula para a frente, é reflexo da confiança que temos. Pela confiança em um futuro garantido, animamos os outros. Deus é nosso futuro e nos dá a esperança. A esperança é um dom. Quem não tem esperança não tem razão para viver. É notório como em países ateus o nível de suicídios, sobretudo entre jovens, é muito superior ao que ocorre nos países de maioria cristã. Quem sabe seja porque não lhes é dada uma esperança que sustente a vida. Só daremos sentido à vida se tivermos a esperança que, como o amor e a fé, é dom de Deus. Por isso, a esperança é chamada de virtude teologal. Quer dizer, é Deus quem a coloca em nosso coração e nos correspondemos pela prática da vida. A esperança que possuímos estimula o ambiente em que vivemos a dar sentido à vida e a suas atividades. As pessoas que não vivem a virtude da Esperança não conseguem fazer um projeto humano e cristão que tenha consistência. Muitas vezes nós queremos resultados e não lançamos a esperança na meta, no ponto de chegada que é Deus que tudo garante. Muitos se debatem sempre procurando novos caminhos. Não encontram porque não colocam suas esperanças em Cristo. Paulo escreve: “Sei em quem acreditei” (2Tm 1,12). Uma fé firme é sustentada por uma esperança inabalável e alimentada por um amor sem limites. Paulo escreve: “Combati o bom combate, terminei minha carreira, guardei a fé, só me resta agora receber a coroa da justiça, que me dará o Senhor” (2Tm 4,8-9). Esta coroa é o fruto da esperança. Mesmo caminhando na obscuridade, temos certeza. Moisés caminhava como visse o Invisível (Hb 11,27). Vejamos como a esperança alimentou o povo de Israel. 
A Esperança não falha 
A esperança que Deus nos dá transforma nossa falta de confiança e os sofrimentos da vida em certeza de que venceremos em Deus. Cristo viveu a esperança. Sua vida, despojada das aparências da divindade, colocava-O nas mesmas condições que vivemos: Escuridão e insegurança. A esperança alimentava seu coração. Prova disso é o modo como assume sua missão. No milagre da ressurreição de Lázaro Ele reza: “Eu sei que sempre me ouves! (Jo 11,42). No Horto das Oliveiras, quando chega ao extremo da angústia, pede ao Pai que “afaste o cálice”, isto é, a morte que se lhe apresentava. Mas conclui “Contudo, não a minha vontade, mas a tua seja feita!”(Lc 22,42). Era a esperança que o Pai não O abandonaria mesmo rezando: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?”(Mt 27,45). Mesmo assim grita: “Em vossas mãos eu entrego meu espírito?”(Lc 23,46). A confiança no amor do Pai não permite que Ele se perca. Por isso Deus O ressuscitou. 
Não seremos confundidos 
Nós temos um rumo, uma direção, uma meta a atingir. Somos competentes na arte de viver bem. Nossa fragilidade não nos abate porque ela é menor do que a graça que os é dada. Não vivemos sob o signo do pecado, mas da graça. Infelizmente, ainda não acreditamos no valor da morte e ressurreição de Jesus. Ser de Deus não é fuga do mundo, mas comprometimento com tudo o que existe para levar à sua realização. Não seremos confundidos. Se semearmos paz, criaremos um novo céu e uma nova terra. Quem fala de vida espiritual sem se comprometer com a vida do mundo, torna-se inapto para a vida eterna e para a vida na terra.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM AGOSTO DE 2008

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