sábado, 15 de outubro de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “Ele é nossa Redenção”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
SACERDOTE REDENTORISTA
NA PAZ DO SENHOR
Um rei crucificado
 
A festa de Cristo Rei era celebrada no último domingo de outubro. A idéia da celebração era reforçar o poder de Jesus Cristo sobre todo o universo. Com a reforma, a festa passou para o final do ano litúrgico, para significar que Cristo é o ponto de convergência de todo o ano da vida da Igreja, porque “por meio dEle e para Ele foram feitas todas as coisas” (Cl 1,16). Ele é o Rei que realizou a redenção através da cruz, quando abriu as portas do Paraíso, dizendo ao malfeitor: “Ainda hoje estará comigo no Paraíso” (Lc 23,43). A Cruz é o trono do grande Rei. A história da piedade colocou em Cristo uma coroa preciosa, mantos reais, pedras preciosas, cetro, globo nas mãos. Ele é rei sim, mas não se enfileira aos reis da história. O “meu reino não é desse mundo”, diz a Pilatos. No episódio do diálogo dos dois malfeitores aparece a tentação de Jesus sobre sua missão de Cristo e seu poder de salvação: “Tu não és o Cristo? Salva-te a Ti mesmo e nós!” (39). Os poderes da terra o atacam: o religioso pela boca dos chefes do povo, o civil, pela boca dos soldados, e o poder político, pela boca do malfeitor. Ele não correspondeu a suas expectativas. Cristo mostra seu poder, não de uma salvação individualista, mas abre a todos as portas do Paraíso. O homem pode voltar ao seu original, sua casa, sua terra, seu jardim, o Céu. Ele corresponde ao projeto do Pai no poder de redenção. O outro malfeitor recorda o temor de Deus: “Não temes a Deus... nós merecemos. Ele não fez nada de mal” (40-41). Ele é o Justo Inocente. O único Inocente torna inocente a todos aceita pelo Pai. Por isso pode dizer: como Deus Fiel, falo a ti: “Hoje estarás comigo no Paraíso”! Hoje é o dia de Deus, dia em que se realiza o Desígnio de Deus, redenção em ato. Hoje está a dizer o Reino está aqui. A morte dEle é salvífica. Cristo é o Rei que apascenta o povo de Deus. 
Reconciliação, serviço a Deus 
Paulo, na carta aos Colossenses, descreve aos fiéis o que a redenção realiza em suas vidas: “Ele vos tornou capazes de participar da luz, que é a herança dos santos. Ele nos libertou do poder das trevas e nos recebeu no Reino de seu Filho amado, por quem nós temos a redenção e a remissão dos pecados” (Cl 1,12-14). Por isso damos graças ao Pai pelo que realizou por nós. Cristo é o centro de tudo. ‘É imagem do Pai, primogênito de toda criação’. A razão do mundo está nEle: ‘Por causa dele foram feitas todas as coisas, celestes e terrestres’; É criador com Pai e finalidade da criação: ‘Tudo foi criado por meio dEle e para Ele’; Tudo nele tem sua consistência pois é ‘a Cabeça do Corpo, Princípio, Primogênito dos mortos’; ‘Nele habita a plenitude de Deus’. Nele, natureza humana e divina, Deus realiza a reconciliação de todos os seres, realizando a paz pelo sangue de sua cruz. Cristo, servidor, serve ao Pai no serviço a todos os seres. 
Glorificar a Deus 
O reconhecimento de Cristo como Rei do Universo, centro para o qual tudo se dirige, não é só um reconhecimento, mas um ato de culto ao Pai. Louvando o Filho, nós glorificamos o Pai. A verdade da fé, não está em aceitar doutrinas e modos de piedade, mas acolher uma pessoa, Jesus Cristo. E com Ele entregamos ao Pai o Reino de verdade e de vida, santidade e graça, justiça amor e paz. Tudo o que fizermos ao menor, é a Ele que estamos fazendo. Todo fiel, se for consciente de sua adesão a Ele, seja consciente de que seu caminho e de cruz. Não há redenção sem a cruz. Ela é a chave da porta do Céu e dos tesouros de Deus. Em toda a celebração nós dizemos: Por Cristo, com Cristo e em Cristo, a Vós, Deus Pais, todo poderoso, toda honra e toda a glória, agora e para sempre.
Leituras: 2 Samuel 5,1-3; Salmo 121;
Colossenses 1m12-20; Lucas 23,35-43. 
1. A festa de Cristo Rei, que tinha uma finalidade mais de cunho político, passou para o final do Ano Litúrgico para significar que tudo, no mundo e na Igreja convergem para Jesus Cristo. Ele é o Rei que realizou a redenção através da cruz. A piedade popular medieval fantasiou Cristo Rei. Ele salvador que vence a tentação e tem poder de salvação, como diz ao malfeitor arrependido. Sua morte é salvífica. 
2. Paulo, na carta ao Colossenses, descreve aos fiéis o que a redenção realiza em suas vidas: capazes de participar da luz, libertos do poder das trevas, redimido. Por ele damos graças ao Pai que tudo realizou. Cristo é o centro de tudo. Por ele e para ele foram feitas todas as coisas. Tudo tem consistência porque Ele é a Cabeça do Corpo. Nele, Deus realiza a reconciliação de todos os seres. 
3. Reconhecer Cristo como Rei do Universo é prestar culto ao Pai. Não cremos em um punhado de doutrinas, mas em uma pessoa, Jesus. E com Ele entregamos ao Pai o Reino de verdade e vida, santidade e graça, justiça, amor e paz. Servir a Cristo é servi-lO nos pequenos. Todo fiel deve estar consciente do caminho da cruz. Ela é a chave do Céu. Em toda a Eucaristia damos glória ao Pai nEle, com Ele e por Ele. 
Ladrões de reinos.
Jesus é Rei. Não sabemos o que é um rei. Mas deve ser uma coisa boa. Pilatos colocara na cruz a tabuleta dizendo: “Jesus Nazareno Rei dos Judeus”. Os Judeus zombavam dele: “Se és rei, salva-te a ti mesmo”. O condenado à morte O ultraja. Um ladrão, que chamamos Dimas, reconhece sua situação de culpado e implora a Jesus: “Lembra-ate de mim, quanto entrares no teu reinado”. A resposta é clara: “Ainda hoje estará comigo no Paraíso”. Roubar todos os reinos é fácil: unir-se ao Rei de todo o Universo. Assim todos nós seremos coroados com Ele que reconciliou consigo todas as coisas. 
Homilia da Solenidade de Cristo Rei
EM NOVEMBRO DE 2007

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