Estamos felizes com nossa fé, tanto católicos como evangélicos que temos no evangelho a fonte de inspiração. As igrejas estão cheias e os “negócios” vão bem. A consciência está apaziguada. Belo! Mas tristemente belo. Temos uma fé que nos satisfaz, dá-nos um ar de “santos” pelas longas rezas que fazemos, jejuns, devoções, freqüências à Igreja, cultos maravilhosos etc... Estamos deitados em berço esplêndido, de boa realização humana, espiritual e psicológica. É bom. Graças a Deus. O que é a satisfação humana e o que é a satisfação cristã? Quando podemos nos sentir cristãmente realizados? A maior tentação do “diabo” é a acomodação, pois com ela pode-se cometer um bom pecado de ver o irmão sofredor, com fome, sede, prisioneiro de tantos males e doente e não fazer nada nem se preocupar. É como diz S. Tiago: “Se vemos o irmão necessitado e alguém lhe disser: ide em paz, aquecei-vos e saciai-vos e não lhes der o necessário para sua manutenção, que proveito haverá nisso?” (Tg 2,15-16). Traímos a fé em Jesus. Basta perguntar a alguns “piedosos”, o que fez pelos necessitados, que veremos a desculpa esfarrapada. Digo isso porque também passo por este problema. Alguns fazem uma feroz cata aos adeptos e não fazem absolutamente nada nem por seus fiéis. Nossos dízimos melhoram, mas a pobreza aumenta sempre mais.
O sonho de Jesus.
Quando Jesus vai a sua cidade, conforme seu costume, vai à sinagoga. Era um homem que participava e era um bom leitor e comentarista da Palavra, pois lhe deram o livro para ler e explicar. Abre o livro do profeta Isaias e proclama, a partir da Palavra de Deus, seu programa de vida e sua missão: “O Senhor está sobre mim, porque me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me para proclamar a remissão aos presos e aos cegos a recuperação da vista, para restituir a liberdade aos oprimidos e para proclamar um ano de graça do Senhor” (Lc 4,16-24 – Is 61, 1-2). Este programa que quis para si, queria para seus seguidores, seus discípulos, nós. O sonho de Jesus não era fora do alcance nem era uma utopia. Este sonho Ele o realiza com suas palavras, suas atitudes e com sua própria vida e morte. Seu sonho despertou outros corações. Mas foi causador de forte reação.
Não falsifiquemos o Evangelho.
Há 5 evangelhos, dizia um pastor argentino: os quatro conhecidos e o 5º. Este é aquele que nós sublinhamos e escolhemos para nós, feito de frases selecionadas. Às vêzes nem são frases do Evangelho. Pregamos doutrinas, criamos estruturas, cerimônias e tradições que podem chegar a ser contra o evangélico. É preciso comparar nosso projeto de vida com o de Jesus. Nós nos satisfazemos com uma doutrina de frases decoradas ou citações do evangelho que são ótimas, sobretudo porque não nos comprometem. Na realidade estamos traindo a maneira de Jesus compreender sua vida e missão. Há muito que se renovar em nossas igrejas.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM JANEIRO DE 2004
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