sábado, 29 de maio de 2021

REFLETINDO A PALAVRA - “A fé traída”.

ESPECIALMENTE NESTE DIA SEGUE A FOTO DO AUTOR PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA, REDENTORISTA E AO SEU LADO O PADRE JOSÉ OSCAR BRANDÃO, REDENTORISTA-DIRETOR E FORMADOR NO SEMINÁRIO SANTO AFONSO, QUE NOS DEIXOU NO DIA DE ONTEM. DESCANSE EM PAZ POR DIREITO CARO PADRE BRANDÃO
Riscos da acomodação cristã.
 
Estamos felizes com nossa fé, tanto católicos como evangélicos que temos no evangelho a fonte de inspiração. As igrejas estão cheias e os “negócios” vão bem. A consciência está apaziguada. Belo! Mas tristemente belo. Temos uma fé que nos satisfaz, dá-nos um ar de “santos” pelas longas rezas que fazemos, jejuns, devoções, freqüências à Igreja, cultos maravilhosos etc... Estamos deitados em berço esplêndido, de boa realização humana, espiritual e psicológica. É bom. Graças a Deus. O que é a satisfação humana e o que é a satisfação cristã? Quando podemos nos sentir cristãmente realizados? A maior tentação do “diabo” é a acomodação, pois com ela pode-se cometer um bom pecado de ver o irmão sofredor, com fome, sede, prisioneiro de tantos males e doente e não fazer nada nem se preocupar. É como diz S. Tiago: “Se vemos o irmão necessitado e alguém lhe disser: ide em paz, aquecei-vos e saciai-vos e não lhes der o necessário para sua manutenção, que proveito haverá nisso?” (Tg 2,15-16). Traímos a fé em Jesus. Basta perguntar a alguns “piedosos”, o que fez pelos necessitados, que veremos a desculpa esfarrapada. Digo isso porque também passo por este problema. Alguns fazem uma feroz cata aos adeptos e não fazem absolutamente nada nem por seus fiéis. Nossos dízimos melhoram, mas a pobreza aumenta sempre mais. 
O sonho de Jesus. 
Quando Jesus vai a sua cidade, conforme seu costume, vai à sinagoga. Era um homem que participava e era um bom leitor e comentarista da Palavra, pois lhe deram o livro para ler e explicar. Abre o livro do profeta Isaias e proclama, a partir da Palavra de Deus, seu programa de vida e sua missão: “O Senhor está sobre mim, porque me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me para proclamar a remissão aos presos e aos cegos a recuperação da vista, para restituir a liberdade aos oprimidos e para proclamar um ano de graça do Senhor” (Lc 4,16-24 – Is 61, 1-2). Este programa que quis para si, queria para seus seguidores, seus discípulos, nós. O sonho de Jesus não era fora do alcance nem era uma utopia. Este sonho Ele o realiza com suas palavras, suas atitudes e com sua própria vida e morte. Seu sonho despertou outros corações. Mas foi causador de forte reação. 
Não falsifiquemos o Evangelho. 
Há 5 evangelhos, dizia um pastor argentino: os quatro conhecidos e o 5º. Este é aquele que nós sublinhamos e escolhemos para nós, feito de frases selecionadas. Às vêzes nem são frases do Evangelho. Pregamos doutrinas, criamos estruturas, cerimônias e tradições que podem chegar a ser contra o evangélico. É preciso comparar nosso projeto de vida com o de Jesus. Nós nos satisfazemos com uma doutrina de frases decoradas ou citações do evangelho que são ótimas, sobretudo porque não nos comprometem. Na realidade estamos traindo a maneira de Jesus compreender sua vida e missão. Há muito que se renovar em nossas igrejas.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM JANEIRO DE 2004

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