Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; e as portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela." (Mt 16,18)
Hoje é o Dia da Cátedra de São Pedro. Não sabemos bem como se originou essa festa. Mas é certo que existe uma inscrição, datada de 370 - portanto, há mais de 1.600 anos - atribuída ao Papa São Dâmaso, falando de uma cadeira portátil, dentro do Vaticano, e que é considerada a "cátedra" do Apóstolo Pedro. Hoje, dessa cadeira restam apenas algumas relíquias de madeira, conservadas e honradas, num lugar onde o grande artista Bernini levantou um monumento grandioso, em honra do primeiro Papa, a Basílica de São Pedro.
A cátedra é o assento reservado ao bispo quando ele preside uma assembléia. Pouco importa sabermos se houve, alguma vez, em Roma, uma cátedra vista como a verdadeira cátedra de São Pedro, mas é preciso ressaltar que deu-se tamanha importância ao magistério supremo de Pedro que, desde o Século IV, celebra-se uma festa em particular, a Natale Petri de Cathedra, fixada no dia 22 de Fevereiro.
Os antigos Romanos, como testemunham os vestígios do Cœmeterium Maius, escavavam bancos nas rochas vulcânicas que, nos banquetes funerários (refrigeria), simbolizavam a presença do defunto e sobre os quais eles depositavam a comida. Até o Século V, os cristãos, com uma intenção diferente, seguiam estes costumes e distribuíam a comida arrecadada aos pobres. Esta celebração pelos defuntos acontecia em 22 de Fevereiro; os antigos galicanos, que recusavam toda festividade durante a Quaresma que, às vezes, já havia começado em 22 de Fevereiro, transferiram-na para 18 de Janeiro, o que explica as duas festas da Cátedra de São Pedro, que um pobre escriba da diocese de Auxerre transformou, erroneamente, em festa da Cátedra de São Pedro em Antioquia.
Escavações feitas por cientistas de diversas nações provam que os restos mortais de São Pedro se encontram debaixo do Vaticano, símbolo de unidade da Igreja. Mas, acima de tudo, o Evangelho nos une a Pedro e também a todos os apóstolos e membros da Igreja. Conseqüentemente, a festa da Cátedra de São Pedro tem o significado e o apelo à unidade dos cristãos, sob a guia do Papa, representante visível de Cristo.
Estas antigas festas da Cátedra de São Pedro foram resgatadas pelo Papa Paulo IV, em 1547, que decretou, através da bula Ineffabilis, que doravante se celebraria a Cátedra de São Pedro em Roma no dia 18 de Fevereiro e a de Antioquia em 22 do mesmo mês. A reforma do calendário pelo Papa Paulo VI manteve apenas uma festa da Cátedra de São Pedro, que abrange todas duas.
Bem-Aventurada Isabel da França
Isabel era filha do rei da França, Luís VIII de Lion e de Blanche de Castilha. Morreu sem alianças nem posteridade, mas fundadora do mosteiro das Clarissas Urbanistas de Longchamp, próximo a Paris.
Irmã mais nova de São Luís IX, rei da França, Isabel recebeu, assim como seu irmão, uma educação estritamente cristã: desde tenra idade, ela se distinguia por sua piedade e temperança.
Por razões políticas, seu pai queria casá-lo com o Conde Hugues de la Marche (...). O Papa Inocêncio IV queria vê-la casada com Conrado, filho de Frederico II de Hohentaufen, Imperador do Santo Império. Este príncipe tinha o título de rei de Jerusalém, mas não o era de fato, e deveria herdar o Império. Isabel recusou a proposta de casamento e comunicou à sua família e ao Papa que ela queria permanecer virgem. O Papa cumpriu o desejo da jovem, concedendo-lhe, através de uma bula expedida em 26 de maio de 1254, autorização para colocar-se sob a tutela espiritual de religiosos franciscanos.
Um ano mais tarde, ela iniciou a construção de um mosteiro, na floresta de Rouvray (o bosque de Bolonha), próximo a Paris, num terreno que lhe fora cedido por seu irmão, o rei Luís IX. Este, muito ligado à irmã, autorizou-a a aplicar nas obras do mosteiro a quantia equivalente ao seu dote. O mosteiro de Longchamp foi terminado em 1259, acolhendo as primeiras clarissas vindas do mosteiro de Reims em 23 de junho de 1260.
Inspirada na Regra escrita por Santa Clara de Assis, a própria Isabel compôs uma regra, um pouco menos severa, que foi aprovada pelo Papa Alexandre IV em 2 de fevereiro de 1259. Ela se aconselhara com São Boaventura, ministro geral dos Franciscanos, e outros Irmãos. São Boaventura pregou inúmeras vezes em Longchamp e redigiu um tratado de vida espiritual dedicado a Isabel: De Perfectione vitae ad sorores (A vida de perfeição para as Irmãs). O mosteiro foi consagrado à humildade da Bem-Aventurada Virgem Maria.
A partir de 1260, Isabel passou a viver numa casinha modesta, construída por ela no terreno do mosteiro, para partilhar a vida e a oração das Irmãs. Ela, porém, nunca fez a profissão religiosa dos votos. Em 1263, obteve do Papa Urbano IV uma ampliação da Regra, cuja última redação foi adotada por diversos mosteiros, na França e na Itália (Clarissas Urbanistas).
Isabel morreu em 23 de fevereiro de 1270 e foi enterrada na igreja do mosteiro. Após a morte de São Luís IX em Túnis, no mesmo ano, Charles d'Anjou, irmão dos dois, pediu a uma dama de companhia de Isabel que escrevesse a biografia da irmã, visando sua canonização. Agnès d'Harcourt publicou a hagiografia de Isabel por volta de 1280, mas esta foi beatificada somente em 1521, pelo Papa Leão X (bula Piis omnium).
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