Virgem religiosa da Segunda Ordem (1235-1320)
Mattia, nascida no dia 1º de março do ano de 1235 em Matelica, nas Marcas – Itália, pertencia à família nobre De Nazarei: seu pai era o Conde Nazarei e sua mãe Sibilla. Cresceu rodeada dos amorosos cuidados familiares, que fizeram de tudo para prepará-la para um brilhante porvir. Seu pai sonhava para ela um matrimônio digno de sua categoria. Porém, um fato inesperado transtornou todos os seus planos.
O exemplo das duas santas irmãs Clara e Inês de Assis também se repetiu em Matelica. Um dia Mattia, sem avisar a ninguém, fugiu de casa e foi bater às portas do mosteiro de Santa Maria Madalena das Irmãs Clarissas, pedindo à abadessa que a recebesse entre suas coirmãs. Esta fez notar que isto era impossível sem o consentimento de seus pais. Mattia não desistiu diante da negativa da abadessa e foi ao oratório e se pôs a rezar. Tendo encontrado por acaso, num canto, uma túnica velha, a vestiu, cortou as tranças loiras e prostrada diante da imagem do Crucificado pediu ajuda ao Senhor.
Pouco depois, o pai e alguns parentes, irritadíssimos, irromperam no mosteiro decididos a levá-la de novo para casa à força. Porém, tudo foi inútil. O pai foi vencido pela insistência da sua filha, que assim pôde realizar seu sonho de seguir a Cristo pelo caminho da perfeição. Tinha dezoito anos quando começou o noviciado. Em 10 de agosto de 1271, diante de um notário fez a renúncia de seu patrimônio, doando parte aos pobres e parte reservou para urgentes trabalhos de restauração do mosteiro, e fez a solene profissão religiosa.
Atraídas por seu exemplo, outras moças a seguiram pelo caminho da vida evangélica que haviam traçado São Francisco e Santa Clara. Depois de oito anos de vida religiosa, em 1279, tendo falecido a abadessa, a comunidade elegeu-a unanimemente como sua sucessora.
Durante quarenta anos Mattia foi a zelosa superiora das Clarissas, iluminada guia espiritual e ao mesmo tempo sagaz administradora. Possuía as qualidades aparentemente contraditórias de uma grande mística e de uma sábia organizadora. Confiando na divina Providência, com ofertas da população e de sua família, reconstruiu desde os fundamentos da igreja até o mosteiro.
A vida interior da Beata Mattia se modelou sobre a Paixão do Senhor. Por muitos anos todas as sextas-feiras sofreu dores e numerosos arroubamentos. Foi uma mulher de governo que às virtudes contemplativas unia às virtudes práticas. Manteve-se também em contato com o mundo, sabendo dizer uma palavra de consolo, ajuda e exortação aos muitos que ajudava na medida das possibilidades e ainda a indigentes e pobres.
Um menino estava a ponto de morrer como consequência de uma queda. A mãe, desesperada, o levou à Beata Mattia que depois de rezar o tocou com a mão e o restituiu são e salvo à sua mãe. E se contam dela muitos outros prodígios.
Em 28 de dezembro de 1320, depois de ter exortado e abençoado pela última vez a suas queridas coirmãs, morreu serenamente aos 85 anos. Assim que expirou, Deus manifestou com novos prodígios a glória de sua fiel esposa: o corpo da beata emanou uma fragrância do Paraiso que inundou o convento, envolto em um feixe de luz que chamou a atenção dos moradores da cidade, que correram para ver o fenômeno extraordinário. Eles viram no meio de tanto esplendor uma estrela muito brilhante, cujos raios indicavam o corpo da Beata, como para testemunhar sua santidade.
A Beata deixou atrás de si uma doce recordação, que logo se transformaria em culto, o qual confirmaria Clemente XII, ao beatificá-la em 27 de julho de 1765.
Ela havia sido sepultada perto do altar mor da capela de seu convento e foi exumada em 1536. Seu corpo foi encontrado incorrupto e foi visto suar. Em 1756 seu corpo foi exumado novamente e ainda se mantinha incorrupto.
A cada exumação, o corpo da Beata e suas relíquias emanavam um prodigioso humor de sangue, um fenômeno que se repetia mesmo em cada reconhecimento cadavérico. Os panos manchados pelo humor sanguíneo, divididos em pequenos pedaços, ainda hoje são distribuídos entre os muitos devotos da Beata como relíquias e em sinal de sua proteção.
Milagre recente – cura de câncer
Em 1987 constatou-se a cura milagrosa de um farmacêutico e doutor napolitano, Alfonso de D’Anna. O diagnóstico do Instituto Pascal de Nápoles, confirmado pelo Instituto Nacional de Tumores de Milão, era carcinoma, um tumor maligno. Em 6 de março de 1987 tinha que iniciar o tratamento de quimioterapia, porém a Beata Mattia apareceu em sonhos à senhora Rita Santoro, da ordem Franciscana Secular e Ministra da Fraternidade de Santa Maria Francisca de Nápoles. A senhora Rita então não conhecia o Dr. D’Anna, porém, a Beata Mattia lhe proporcionou informações detalhadas para que pudesse identificá-lo. A senhora Rita tinha que dar-lhe uma de suas relíquias e o azeite bento de sua lâmpada, que arde sempre em seu convento, e que as Clarissas oferecem aos fiéis em pequenos frascos.
Em 7 de março de 1987, o Dr. Alfonso D’Anna dirigiu-se à sua farmácia, para retomar o trabalho. As revisões periódicas estiveram precedidas, muitas vezes, por um forte odor de jasmim, como havia predito o sonho, e confirmaram a incrível e completa cura do Dr. D’Anna.
A última revisão, um TAC realizado no hospital Cardarelli de Nápoles, confirmou a perfeita ventilação de seus pulmões e a ausência de lesões tumorais.
Toda a documentação foi posta à disposição das autoridades eclesiásticas, a fim de proceder a canonização da Beata Mattia.
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