sexta-feira, 2 de novembro de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “Um mundo ressuscitado”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
50 ANOS CONSAGRADO
1567. A criação sofre
            A fé que nos foi dada por Jesus Cristo não é algo intimista e distante das pessoas e realidades terrenas. No curso da história pode ter se atrapalhado no modo de vivê-la.  Jesus permanece o modelo e o caminho para assumirmos nossa resposta cristã. Paulo, na carta aos Romanos, explica que pela razão se pode chegar ao conhecimento de um Deus único: “O que se pode conhecer de Deus é manifesto entre eles, pois Deus o revelou. Sua realidade invisível – seu eterno poder e divindade – tornou-se realidade inteligível... através das criaturas” (Rm 1,19-20). Por não terem reconhecido Deus na natureza, perderam a capacidade de julgar (28). Essa falha do homem atingiu e prejudicou o universo. Paulo continua ensinando que a “natureza anseia pela revelação dos filhos de Deus. A criação foi submetida à vaidade – não por seu querer, mas por vontade daquele que a submeteu (o pecado do homem)” ... Ela espera ser libertada... Sabemos que a criação inteira geme e sofre em dores de parto até o presente... ” (Rm 8,18-25). O que faz a criação sofrer é a incapacidade das pessoas de serem humanas e reconheceram a Deus. Quando a pessoa se faz o centro de tudo e põe o mundo a seu serviço e prazer ela destrói a natureza no seu íntimo que é sua dimensão de criatura de Deus para promover a vida das pessoas. A abundância de frutos de uma árvore é proclamação da generosidade de Deus para com todos. A Ressurreição de Jesus para o mundo é a recomposição de identidade. Quanto menos fé, mais o mundo é destruído, e se perde a dimensão também do irmão que vive em união à natureza. A natureza sofre.
1568. Olhai os lírios do campo
            É encantador ver como Jesus era integrado com o mundo. Era o poeta dos lírios, das videiras, do sol poente, dos campos dourados e maduros para a ceifa. Era o encanto das criancinhas, o neto de toda vovó. Era o bom companheiro de viagem. Era a delícia dos Anjos. Era integrado com a natureza que sentiu sua morte com tremores de dor. Jesus é o modelo para o cuidado com a natureza. Se não somos capazes de perceber a beleza de Deus na florzinha perdida entre as plantas, não começamos ainda a viver. Para permanecer entre nós tomou o que nos sustenta que é o pão, símbolo de todos os alimentos. Partilhou o pão entre os seus, e continuou dando-nos, como sua presença, o alimento e o meio de nos encontrar com Deus e com os irmãos na partilha. A força da Ressurreição da natureza poderá salvar nosso mundo como casa de todos os homens, iluminada pela beleza das estrelas e dos poentes.
1569. O firmamento canta a glória de Deus
            A maravilha da natureza em festa com todas as cores e tons do canto dos pássaros e a beleza do olhar de cada animal cantam a glória de Deus. Os céus cantam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra de suas mãos (Sl 19,1). Quando vamos a Deus em nosso canto e oração, levamos conosco todo o universo. Somos o sacerdote que oferece ao Pai o pão e o vinho, fruto da terra e do trabalho das pessoas. A natureza sofrida enxuga suas lágrimas na Eucaristia quando oferece ao Pai o pão e o vinho que serão o Corpo de Cristo. A Ressurreição atinge todo o universo. Participar do mistério da Ressurreição é também abrir-se à contribuir para a ressurreição de toda a natureza que se torna caminho sempre mais claro para Deus. A destruição do mundo é obra do mal. Como dizemos que se paga por onde se peca, vamos receber a paga na natureza.
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