A fé que nos foi
dada por Jesus Cristo não é algo intimista e distante das pessoas e realidades
terrenas. No curso da história pode ter se atrapalhado no modo de vivê-la. Jesus permanece o modelo e o caminho para
assumirmos nossa resposta cristã. Paulo, na carta aos Romanos, explica que pela
razão se pode chegar ao conhecimento de um Deus único: “O que se pode conhecer
de Deus é manifesto entre eles, pois Deus o revelou. Sua realidade invisível –
seu eterno poder e divindade – tornou-se realidade inteligível... através das
criaturas” (Rm 1,19-20).
Por não terem reconhecido Deus na natureza, perderam a capacidade de julgar (28). Essa falha do
homem atingiu e prejudicou o universo. Paulo continua ensinando que a “natureza
anseia pela revelação dos filhos de Deus. A criação foi submetida à vaidade –
não por seu querer, mas por vontade daquele que a submeteu (o pecado do homem)”
... Ela espera ser libertada... Sabemos que a criação inteira geme e sofre em
dores de parto até o presente... ” (Rm 8,18-25). O que faz a criação sofrer é a incapacidade das
pessoas de serem humanas e reconheceram a Deus. Quando a pessoa se faz o centro
de tudo e põe o mundo a seu serviço e prazer ela destrói a natureza no seu
íntimo que é sua dimensão de criatura de Deus para promover a vida das pessoas.
A abundância de frutos de uma árvore é proclamação da generosidade de Deus para
com todos. A Ressurreição de Jesus para o mundo é a recomposição de identidade.
Quanto menos fé, mais o mundo é destruído, e se perde a dimensão também do
irmão que vive em união à natureza. A natureza sofre.
1568. Olhai os lírios do campo
É encantador ver
como Jesus era integrado com o mundo. Era o poeta dos lírios, das videiras, do
sol poente, dos campos dourados e maduros para a ceifa. Era o encanto das
criancinhas, o neto de toda vovó. Era o bom companheiro de viagem. Era a
delícia dos Anjos. Era integrado com a natureza que sentiu sua morte com tremores
de dor. Jesus é o modelo para o cuidado com a natureza. Se não somos capazes de
perceber a beleza de Deus na florzinha perdida entre as plantas, não começamos
ainda a viver. Para permanecer entre nós tomou o que nos sustenta que é o pão,
símbolo de todos os alimentos. Partilhou o pão entre os seus, e continuou
dando-nos, como sua presença, o alimento e o meio de nos encontrar com Deus e com os irmãos na partilha. A força da
Ressurreição da natureza poderá salvar nosso mundo como casa de todos os homens,
iluminada pela beleza das estrelas e dos poentes.
1569. O firmamento canta a glória
de Deus
A maravilha da
natureza em festa com todas as cores e tons do canto dos pássaros e a beleza do
olhar de cada animal cantam a glória de Deus. Os céus
cantam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra de suas mãos (Sl 19,1). Quando
vamos a Deus em nosso canto e oração, levamos conosco todo o universo. Somos o
sacerdote que oferece ao Pai o pão e o vinho, fruto da terra e do trabalho das
pessoas. A natureza sofrida enxuga suas lágrimas na Eucaristia quando oferece
ao Pai o pão e o vinho que serão o Corpo de Cristo. A Ressurreição atinge todo
o universo. Participar do mistério da Ressurreição é também abrir-se à
contribuir para a ressurreição de toda a natureza que se torna caminho sempre
mais claro para Deus. A destruição do mundo é obra do mal. Como dizemos que se
paga por onde se peca, vamos receber a paga na natureza.
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