PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA-REDENTORISTA 50 ANOS CONSAGRADO |
O mistério da
Transfiguração
Cristo, vivendo a
condição humana, sofreu a tentação e foi vítima da maldade que O levou ao
sofrimento do Calvário. A Transfiguração vem nos confortar diante do mistério
da fragilidade e do sofrimento da Cruz. Ela anuncia a Ressurreição de Cristo e
nossa libertação de todo mal para vivermos na Glória de Deus. Nesse momento de
glória, Jesus ensina aos discípulos que a Paixão não é o fim, mas a passagem
para a glória da Ressurreição e da Glorificação junto do Pai. Jesus foi
transfigurado diante dos discípulos manifestando Sua glória divina. Jesus está
ladeado por Moisés e Elias, isto é, a Lei e a Profecia. O momento é de um
precioso encontro com Deus descrito pela imagem da nuvem que é sinal da
presença da Divindade. Da nuvem veio a voz: Este é o meu Filho Amado, no qual
pus todo meu agrado. Escutai-o (Mt 17,5). Não é mais Moisés ou Elias que
falam, mas o Dileto Filho de Deus. É a Ele que se deve ouvir e obedecer e viver
Sua Palavra. As palavras de Jesus nos introduzem na Vida. Ao ouvirem a voz do
Pai, os discípulos caíram por terra. Jesus é a presença de Deus. Jesus os tocou
e os fez levantar. O verbo levantar é o mesmo que se usa para a Ressurreição.
Nós participamos de Sua gloriosa Ressurreição. Paulo nos introduz nesta verdade
ao ensinar: Ele não só destruiu a morte, como também fez brilhar a vida e a
imortalidade por meio do Evangelho (2Tm 1,10). Os filhos da Ressurreição,
transfigurados pela Palavra, formam o novo povo, como o Povo da Aliança que
veio por Abraão. Por ele serão abençoadas todas as nações da terra (Gn 12,3).
Esta bênção acontece em Jesus.
É bom estarmos aqui
As palavras de Pedro, é bom
estarmos aqui, revelam também que estar na presença de Deus é muito bom para
nós. O tempo que gastamos com Deus é muito frutuoso para nosso bem estar.
Alimentar a vida espiritual requer, além da ação, a contemplação. A
transfiguração de Jesus mostra o caminho da espiritualidade cristã e seu
núcleo. Não somos nós que alcançamos Deus e Nele nos transfiguramos, mas Ele
que nos alcança e nos dá o dom de Sua presença que nos diviniza. Voltamos assim
aos termos da criação do homem: Façamos o homem como à nossa imagem, como nossa
semelhança (Gn 1,26). Para que realizemos nossa missão recebemos também a
chamada de Abraão: Sai de tua terra e vai para a terra que Eu te mostrar (Gn
12,1). A vida cristã é um contínuo caminhar. As formas humanas são passageiras
e exigem um renovado esforço para corresponder à Palavra de Deus, como fez
Abraão. Somos responsáveis pela Palavra de Deus que nos move a seguir Seu
Filho. Abraão ouviu a voz de Deus e seguiu. Ele nos chama a seguir Jesus: Escutai-o.
Dom que é um projeto
A Transfiguração de Jesus é um dom
que recebemos de Sua Páscoa, mas ao mesmo tempo um projeto para a transformação
de nossa vida na vida de Cristo e a transformação da realidade em mundo de
Deus. Todo mistério celebrado é um projeto de transformação da pessoa e do
mundo. O mundo querido por Deus é aquele que se espelha em Seu Filho. Mesmo
passando pelas dificuldades, podemos levar as pessoas e a terra a caminhar ao
encontro de seu original cujo modelo é o Filho, como diz Paulo, alcançar o
estado do Homem Perfeito à medida da estatura da Plenitude de Cristo (Ef.
4,13). Ouvindo a Palavra na celebração, continuamos ouvindo a voz do Pai que
nos convida a ouvir o Filho.
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