Evangelho segundo S. Mateus 10,7-13.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus Apóstolos: «Ide e proclamai que está próximo o reino
dos Céus. Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, sarai os leprosos,
expulsai os demónios. Recebestes de graça; dai de graça. Não adquirais ouro,
prata ou cobre, para guardardes nas vossas bolsas; nem alforge para o
caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem cajado; porque o trabalhador
merece o seu sustento. Quando entrardes em alguma cidade ou aldeia, procurai
saber de alguém que seja digno e ficai em sua casa até partirdes daquele lugar. Ao entrardes na casa, saudai-a, e se for digna, desça a vossa paz sobre
ela; mas se não for digna, volte para vós a vossa paz.
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do
dia:
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África),
doutor da Igreja
Sermões sobre o evangelho de João, n.° 124; CCL 36, 685
A Igreja conhece duas vidas louvadas e
recomendadas por Deus. Uma é na fé, a outra na visão; uma na peregrinação do
tempo, a outra na morada da eternidade; uma no trabalho, a outra no repouso; uma
no caminho, a outra na pátria; uma no esforço da ação, a outra na recompensa da
contemplação. [...] A primeira é simbolizada pelo apóstolo Pedro, a segunda por
João. [...] E não são só eles, mas toda a Igreja, Esposa de Cristo, que o
realiza, ela que há de ser libertada das provações deste mundo e permanecer na
beatitude eterna.
Pedro e João simbolizaram, cada um, uma destas duas
vidas. Mas ambos passaram juntos a primeira, no tempo, pela fé; e juntos
desfrutarão a segunda, na eternidade, pela visão. Foi portanto para todos os
santos unidos inseparavelmente ao corpo de Cristo, e a fim de os conduzir no
meio das tempestades desta vida, que Pedro, o primeiro dos apóstolos, recebeu as
chaves do Reino dos Céus, com o poder de reter ou absolver os pecados (Mt
16,19). Foi também para todos os santos, e a fim de lhes dar acesso à
profundidade serena da sua vida mais íntima, que Cristo deixou João repousar no
seu peito (Jo 13,23.25). Pois o poder de reter ou absolver os pecados não
pertence somente a Pedro, mas a toda a Igreja; e João não é o único a beber na
fonte do peito do Senhor, o Verbo que desde o início é Deus junto de Deus (Jo
7,38;1,1), [...] mas o próprio Senhor dedica o seu evangelho a todos os homens
do mundo, para que cada um beba consoante a sua capacidade.
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