quarta-feira, 8 de março de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Eu creio, Senhor!”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
Lavar para ver
               Na leitura do texto de Samuel temos uma orientação para a celebração de hoje: ver como Deus vê. Deus disse a Samuel: “Não olhes para sua aparência nem para sua grande estatura. Não julgo segundo os critérios do homem: O homem vê as aparências, mas o Senhor olha o coração” (1Sm 16,7). Jesus, ao abrir os olhos ao cego de nascença, sem que ele o pedisse, indica que, ver com os olhos de Deus é dom da fé. Passamos a ter os critérios de Deus para ver, não somente para enxergar. Ver no sentido de contemplar Deus e a salvação de Jesus. Jesus abre os olhos a um cego. Era a festa dos Tabernáculos na qual se celebrava a entrega da Lei de Deus a Moisés. Jesus é a nova lei. Ele envia o cego a lavar-se na piscina de Siloé que significa enviado. Pelo batismo o catecúmeno lava-se em Cristo, o Enviado de Deus. Na dinâmica litúrgica do ano A, continuamos a temática batismal. Nesse domingo os catecúmenos são chamados de “iluminados”. Participam da Luz de Cristo. Por isso lemos o evangelho da cura do cego de nascença. Nunca viu a luz. O milagre quer mostrar a passagem das trevas completas para a luz completa. “Éreis trevas e agora sois luz no Senhor” (Ef 5,8). Paulo diz que a luz se manifesta através de obras da Luz. A quem é batizado, é dito: “Desperta tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e sobre ti Cristo resplandecerá” (14). O barro feito com saliva que Jesus passa nos olhos do cego, simboliza dar vida. Na criação do homem Deus dá vida soprando sobre barro. O homem vive de Deus que lhe dá a vida. Jesus manda o cego lavar-se. O batismo lava. O batizado vive em Deus que é Luz; Jesus diz: “Eu sou a luz do mundo”. Toda cegueira clama por luz. A cegueira do mal e do pecado clama por luz que liberte. Jesus é a luz que se oferece. Depois do ato de fé, o cristão vive na Luz. Este milagre, mais que cura, é um sinal da Glória Divina.
O Senhor é meu Pastor
               Jesus é a luz do mundo que, “pelo mistério da Encarnação, conduziu à luz da fé a humanidade que caminhava nas trevas” (prefácio). O sentido do salmo 21, usando a imagem do pastor, se realiza em Jesus que conduzirá às águas do Batismo. Neste rito são lavados os olhos para ver como Deus vê. O ato de fé abre os olhos. O Batismo nos introduz neste “campo” do bom Pastor, isto é, a Vida Eterna. O fundamental do texto é mostrar que Jesus é o Filho de Deus. A resposta de quem tem o novo olhar é dizer: “Eu creio, Senhor” (Jo 9,38). A escolha de quem é chamado à fé é feita por Deus. Não temos mérito, como Davi. Davi é ungido com o óleo. A unção do cego é com a saliva, mais preciosa que o óleo, significa que é doado o que há de melhor na pessoa. É a nova criação, lembrando o gesto de Deus que sopra sobre o homem feito do barro para que tenha vida (Gn 2,7). Jesus põe saliva sobre os olhos do cego para que, sendo lavado, receba a visão plena com o ato de fé. O barro simboliza a fragilidade que é transformada que é elevada à participação da Luz que é Jesus.
A festa que se aproxima
               Na perspectiva da festa da Páscoa temos a temática da alegria da salvação que se aproxima: “Iluminai nossos corações com o esplendor de vossa graça” (Pós-Comunhão). Ser iluminado é a condição do cristão. Renovar-se é aplicar nos olhos da fé a Água Viva do Batismo, como fazemos na renovação das promessas. Celebrando a Ressurreição do Senhor, preparados pela Quaresma, podemos renovar nossa fé na Páscoa e dizer: “Eu creio, Senhor!” Neste domingo, chamado da alegria da Páscoa que se aproxima, podemos abrir nossos olhos e ver as maravilhas que Deus fez por nós em Jesus enviado por Ele.

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