O toque Divino
nos levou a refletir sobre a proximidade que temos de Deus. Ele não está
distante, mas muito à mão e sempre nos dá oportunidade como que de tocá-lo,
mesmo sabendo que já nos tocou. No tempo do Natal temos uma revelação muito
grande de Deus: A Manifestação de seu Filho no Nascimento. A liturgia desse
tempo nos faz penetrar neste mistério do toque de Deus em nós. Não é um toque
como que exterior que já refletimos, mas somos tocados por Deus em nosso
interior. É algo substancial, isto é, coloca nosso ser em comunicação direta
com seu Ser. Toca nosso ser como participantes da Vida de Deus. Rezamos na oração
da Missa de Natal: “Neste dia em que o céu e a terra trocam presentes, dai-nos
participar da divindade de vosso Filho que uniu a Vós nossa humanidade” (Or. Oferendas).
Diversas orações traduzem essa verdade que acontece a partir da Encarnação do
Filho de Deus. Para nós, fé, religião, vida espiritual consiste em fazer coisas
espirituais e mesmo agir na comunidade, viver uma vida correta, rezar, amar.
Tudo isso é bom, mas já é resultado. O que é fundamental, como em nossa vida
humana, é a vida que passamos a viver a partir do momento que nossa carne, no
seio de Maria, se uniu à Divindade do Filho de Deus. É um princípio de vida.
Esta união permanece para sempre. Trata-se de uma nova criação: “Mediante vosso
Unigênito nos fizestes ser nova criação. Fazer que sejamos encontrados na forma
Daquele no qual convosco está nossa substância” . Essa criação, da qual
participamos de sua vida, é redentora: “Participantes da Eternidade Daquele que,
com sua mortalidade, curou nossa mortalidade”. Troca de presentes é a união da
humanidade com a Divindade.
892.Luz que é vida
Esse mistério da
Manifestação do Senhor é explicado a partir do símbolo da Luz: Na oração da
Noite de Natal, rezamos: “Deus que fizestes resplandecer esta noite santa com a
claridade da verdadeira luz” (oração). Deus é Luz . Escreve João: “Eu sou a luz, vim ao
mundo” (Jo 2,46);
“Nele estava a vida e a vida era a luz dos homens” (Jo 1,4). Assim se revela a nós mesmos em
nossa natureza na fé: somos filhos da Luz. Esta luz nos restaura para contemplarmos
a glória da imortalidade: “Como Cristo apareceu na substancia de nossa
mortalidade, restaurastes-nos com a nova Glória de vossa imortalidade” (Prefácio). Por isso,
as trevas fogem da luz, como a iniquidade foge de Deus, para suas obra não
sejam descobertas (Jo
3,20). “Quem caminha nas trevas não sabe para onde vai” (Jo, 12,35). Somos luz
na Luz.
893. Participantes da Vida
A
categoria vida, expressa também nossa participação na Manifestação do Filho de
Deus . Pedimos “que Ele nos faça dignos de participar de sua Vida divina”. Deus
é Vida. O Filho vive a Vida do Pai. A encarnação do Filho é manifestação da
Vida para dar a Vida: “Nele estava a Vida e a Vida era a luz dos homens” (Jo 1,4). Nós entramos
nesta comunhão de vida através da fé: “Aquele que crê a tem a vida eterna” (Jo 6,47). Por isso rezamos
para que, “instruídos pela sabedoria celeste, participemos da plenitude de sua
vida”. Como com Adão começou a vida na
terra. Com a vinda do novo Adão, passamos pela nova criação: “Mediante vosso
Unigênito nos fizestes ser a nova criação”. Participando da Luz e da Vida de
Deus, participamos também da missão do Filho de ser Luz e Vida. Se realmente
assumimos esta Luz e esta Vida, poderemos manifestar ao mundo este Mistério.
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