Evangelho segundo S. Marcos 8,34-38.9,1.
Naquele
tempo, Jesus chamou a multidão com os seus discípulos e disse-lhes: «Se alguém
quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me. Na
verdade, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; mas quem perder a vida, por
causa de Mim e do Evangelho, salvá-la-á». Na verdade, que aproveita ao homem
ganhar o mundo inteiro, se perder a sua vida? Que daria o homem em troca da
sua vida? Portanto, se alguém se envergonhar de Mim e das minhas palavras no
meio desta geração infiel e pecadora, também o Filho do homem Se envergonhará
dele, quando vier na glória de seu Pai, com os santos Anjos». Jesus
declarou-lhes ainda: «Em verdade vos digo: Alguns dos que estão aqui presentes
não morrerão, sem terem visto chegar o reino de Deus com o seu poder».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do
dia:
São Francisco Xavier (1506-1552), missionário jesuíta
Carta de
10 de maio de 1546
Este país [...] é muito perigoso, porque os
seus habitantes, cheios de perfídia, misturam muitas vezes veneno na comida e na
bebida. É por isso que não há ninguém disposto a ir para lá cuidar dos cristãos.
Mas estes têm necessidade de ensinamentos espirituais e de alguém que os batize
para lhes salvar a alma; é por isso que eu sinto a obrigação de perder a minha
vida corporal para ir socorrer a vida espiritual do próximo. [...] Coloco a
minha esperança e a minha confiança em Deus Nosso Senhor, com o desejo de me
conformar, segundo os meus pobres meios, à palavra de Cristo, nosso Redentor e
Senhor: «Quem quiser salvar a sua vida há de perdê-la; quem a perder por minha
causa há de salvá-la». [...]
É fácil, evidentemente, compreender os
termos e o sentido geral destas palavras do Senhor; mas, quando a pessoa quer
levá-la à prática e dispor-se a perder a própria vida por Deus, a fim de a
reencontrar nele, quando a pessoa se expõe aos perigos nos quais pressente a
possibilidade de deixar a vida [...], tudo se torna tão obscuro, que as
palavras, não deixando de ser perfeitamente claras, acabam também por se
obscurecer. Nesses casos, parece-me, só consegue compreendê-las aquele - por
muito sábio que seja - a quem Deus Nosso Senhor, na sua infinita misericórdia,
Se digna explicar-lhas nas suas circunstâncias específicas. É então que
conhecemos a condição da nossa carne, isto é, que somos fracos e enfermos.
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