PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
1753. Feliz quem
teme o Senhor
Para iniciar a
reflexão sobre a Palavra de Deus como luz para a família, o Papa Francisco medita
o Salmo 128, característico da liturgia nupcial: “Feliz quem teme o Senhor e
segue seus caminhos”. Lembra que a Bíblia está cheia de famílias, gerações,
histórias de amor, de crises familiares, desde Adão e Eva... até as últimas
páginas do Apocalipse” (AL 8). No Genesis, o casal é o centro de uma
história de amor: “Por isso deixará o homem o pai e a mãe e se unirá a sua
mulher, e eles serão uma só carne” (Gn 2,24). Os três primeiros
capítulos da Bíblia oferecem-nos a representação do casal humano em sua
realidade fundamental. São três elementos: O casal é imagem de Deus, não cada
um individualmente. Como Deus é criador, a fecundidade do casal é imagem viva e
eficaz, sinal visível do ato criador. O casal que ama e gera a vida, é a
verdadeira “escultura” viva, capaz de manifestar o Deus criador e salvador. No
casal se desenrola a História da Salvação. “Torna-se uma imagem para descobrir
e descrever o mistério de Deus”. “A Trindade é comunhão de amor, e a família, o
seu reflexo vivente”. Adão sente solidão e não encontra solução nos animais.
Deus não é solidão. É comunhão do Pai, Filho e Espírito. É comunhão não de
palavras, mas o Tu que dialoga no amor e entrega: “O meu amado
é todo meu e sou toda dele” (Ct 22,16). Deste encontro
surge a geração da família. A união não é só corpórea, mas doação voluntária de
amor, genética e espiritual (AL 9-1
1754.
Filhos, brotos de oliveira
Junto aos pais
estão os filhos lembrando a energia e a vitalidade. São pedras vivas dessa
construção. Filho é a plenitude da família. Atualmente parece um peso, mas isso
passa. Além da beleza humana, a família é a igreja doméstica. Papa Francisco
escreve: “O espaço vital de uma família transforma-se em igreja doméstica, em
local da Eucaristia, da presença do Cristo sentado à mesa” (AL
15).
É na família que se dá a primeira catequese. Os judeus conservam essa
mentalidade, sobretudo quando transmitem o sentido de sua vida aos filhos
durante a celebração da ceia Pascal. Francisco diz: “A família é o lugar onde
os pais se tornam os primeiros mestres da fé para seus filhos. É uma tarefa
‘artesanal’ – pessoa a pessoa. Cita: ‘E quando teu filho, amanhã, te perguntar
... tu lhe dirás’” (Ex 13.14). Não se pode relegar a catequese
somente para as aulas de catecismo. Ela deve partir dos fatos da vida. É na
família que vai discernir o futuro. Os filhos são filhos de Deus. Os filhos têm
o direito de conhecer Deus, seus caminhos e fazer suas escolhas.
1755. Entre cruzes e dores
A Bíblia “aparece cheia de famílias, gerações, histórias de amor e de
crises familiares” (AL
8) e a partir deste dado se
pode meditar como a família não é um ideal abstrato, mas uma tarefa “artesanal”
(AL 16) que se exprime com ternura (AL 28), mas que se viu
confrontada desde o início também pelo pecado, quando a relação de amor se
transformou em domínio (AL
19). Então, a Palavra de Deus “não
se apresenta como uma sequência de teses abstratas, mas como uma companheira de
viagem, mesmo para as famílias que estão em crise ou imersas em alguma
tribulação, mostrando-lhes a meta do caminho” (AL 22). O documento ensina também a dignidade do trabalho do homem e as
dificuldades que deve suportar. A doação de vida dentro da família cumpre a
Palavra: “Não tem maior amor do que aquele que d a vida pelos amigos” (Jo 15,13). A ternura rege a vida familiar em todos os aspectos. A família cristã
se torna o primeiro evangelho sobre o amor de Deus e de seu Filho que nos
remiu. Esse amor é ação do Espírito.
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