segunda-feira, 18 de julho de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Matrimônio à luz da Palavra”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
1753. Feliz quem teme o Senhor
            Para iniciar a reflexão sobre a Palavra de Deus como luz para a família, o Papa Francisco medita o Salmo 128, característico da liturgia nupcial: “Feliz quem teme o Senhor e segue seus caminhos”. Lembra que a Bíblia está cheia de famílias, gerações, histórias de amor, de crises familiares, desde Adão e Eva... até as últimas páginas do Apocalipse” (AL 8). No Genesis, o casal é o centro de uma história de amor: “Por isso deixará o homem o pai e a mãe e se unirá a sua mulher, e eles serão uma só carne” (Gn 2,24). Os três primeiros capítulos da Bíblia oferecem-nos a representação do casal humano em sua realidade fundamental. São três elementos: O casal é imagem de Deus, não cada um individualmente. Como Deus é criador, a fecundidade do casal é imagem viva e eficaz, sinal visível do ato criador. O casal que ama e gera a vida, é a verdadeira “escultura” viva, capaz de manifestar o Deus criador e salvador. No casal se desenrola a História da Salvação. “Torna-se uma imagem para descobrir e descrever o mistério de Deus”. “A Trindade é comunhão de amor, e a família, o seu reflexo vivente”. Adão sente solidão e não encontra solução nos animais. Deus não é solidão. É comunhão do Pai, Filho e Espírito. É comunhão não de palavras, mas o Tu que dialoga no amor e entrega: “O meu amado é todo meu e sou toda dele” (Ct 22,16). Deste encontro surge a geração da família. A união não é só corpórea, mas doação voluntária de amor, genética e espiritual (AL 9-1
                    1754. Filhos, brotos de oliveira
            Junto aos pais estão os filhos lembrando a energia e a vitalidade. São pedras vivas dessa construção. Filho é a plenitude da família. Atualmente parece um peso, mas isso passa. Além da beleza humana, a família é a igreja doméstica. Papa Francisco escreve: “O espaço vital de uma família transforma-se em igreja doméstica, em local da Eucaristia, da presença do Cristo sentado à mesa” (AL 15). É na família que se dá a primeira catequese. Os judeus conservam essa mentalidade, sobretudo quando transmitem o sentido de sua vida aos filhos durante a celebração da ceia Pascal. Francisco diz: “A família é o lugar onde os pais se tornam os primeiros mestres da fé para seus filhos. É uma tarefa ‘artesanal’ – pessoa a pessoa. Cita: ‘E quando teu filho, amanhã, te perguntar ... tu lhe dirás’” (Ex 13.14). Não se pode relegar a catequese somente para as aulas de catecismo. Ela deve partir dos fatos da vida. É na família que vai discernir o futuro. Os filhos são filhos de Deus. Os filhos têm o direito de conhecer Deus, seus caminhos e fazer suas escolhas.
 1755. Entre cruzes e dores
A Bíblia “aparece cheia de famílias, gerações, histórias de amor e de crises familiares” (AL 8) e a partir deste dado se pode meditar como a família não é um ideal abstrato, mas uma tarefa “artesanal” (AL 16) que se exprime com ternura (AL 28), mas que se viu confrontada desde o início também pelo pecado, quando a relação de amor se transformou em domínio (AL 19). Então, a Palavra de Deus “não se apresenta como uma sequência de teses abstratas, mas como uma companheira de viagem, mesmo para as famílias que estão em crise ou imersas em alguma tribulação, mostrando-lhes a meta do caminho” (AL 22). O documento ensina também a dignidade do trabalho do homem e as dificuldades que deve suportar. A doação de vida dentro da família cumpre a Palavra: “Não tem maior amor do que aquele que d a vida pelos amigos” (Jo 15,13). A ternura rege a vida familiar em todos os aspectos. A família cristã se torna o primeiro evangelho sobre o amor de Deus e de seu Filho que nos remiu. Esse amor é ação do Espírito. 

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