terça-feira, 19 de julho de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Discípulos de Deus”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Caminhar na força do alimento
            Ser discípulo de Deus é escutar sua Palavra: “Todo aquele que escutou o Pai e foi por Ele instruído, vem a mim” (Jo, 6,45). Jesus encerrara o discurso sobre o Pão da Vida no qual nos explicara que veio de Deus para dar a Vida. Quem nele crê, tem a Vida. Crer é alimentar-se dele que é o Pão da Vida. Tem a Vida porque é atraído pelo Pai e crê no Filho: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrai. E eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6,44). E, quem “crê possui a vida eterna” (v. 47). A força do alimento que sustenta o profeta Elias é símbolo da fé que sustenta quem crê, por toda a vida. Por que as pessoas não creram em Jesus? Porque era um homem comum. Aqui estão os desafios da fé: crer pela fé e não pelas aparências. Se Jesus tivesse se manifestado em uma aparência magnífica, atrairia para a aparência, não para Si. Não devemos nos apoiar nas falsas seguranças. O maná alimentou o povo, mas não deu a vida eterna, pois o alimento servia só para o físico. Jesus é o pão que alimenta para a vida eterna. Diz: “Eu sou o pão vivo descido dos céus. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o Pão que eu darei é minha carne dada para a vida do mundo” (v.51). Na ceia, Ele nos dá o pão e o vinho como sua carne e seu sangue a comer e beber. Fé é crer nele. Isso é alimentar-se para a vida eterna. A fé conduz a comer sua carne e a beber o sangue que são o pão e o vinho da Eucaristia. Comer o pão da Eucaristia e beber o vinho consagrados é ter a vida eterna. Na força deste alimento se caminha como o profeta que acreditava em Deus e por Ele lutava. Deus o leva até o Monte Horeb (monte Sinai) para o encontro com Ele. A fé que o sustenta é simbolizada pelo pão e a água trazidos pelo Anjo. O profeta era um homem frágil que se cansa da missão e deseja a morte (1Rs 19,4). Pelo pão se torna forte. Jesus se apresenta como pão de Deus na frágil figura de homem. Crer em Jesus é ser alimentado por Deus que dá a vida eterna já. O pão é frágil. Exige a fé que foi exigida dos judeus. Ela dá a vida eterna e sustenta a caminhada. Por isso: “Provai e vede como o Senhor é bom!” (Sl 34,8).
Não entristeçais o Espírito Santo
            As murmurações do povo no deserto (Ex 16,2-4) e as murmurações dos judeus diante do discurso de Jesus (Jo 6,41) encontram em Paulo um paralelo: “Não contristeis o Espírito Santo com o qual Deus vos marcou com um selo para ao dia da libertação” (Ef 4,30). Acolher e alegrar o Espírito Santo não está em louvores bonitos, mas numa vida coerente com a Palavra. Paulo enumera uma série de males que contristam o Espírito: “Toda a amargura, irritação, cólera, gritaria, injúrias, tudo isso deve desaparecer do meio de vós, como toda espécie de maldade” (v. 31). Notemos que aqui se encontram problemas de relacionamento humano que pode ser vencido pelo poder da “comunhão” do Corpo de Cristo que nos une e elimina em nós todas essas maldades.
Sede imitadores de Deus
            Paulo chama os cristãos a serem imitadores de Deus. Agradar a Deus é fazer como Deus faz. Ao ouvirmos a narração do Êxodo sobre o maná, conhecemos quem é Deus: compassivo, perdoando, amando. O povo, mesmo depois de murmurar contra Deus, recebe o pão vindo do céu. Por isso completa o apóstolo: “Vivei no amor, como Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós em oblação e sacrifício de suave odor” (Ef 5,10). O que Cristo faz dando-nos a Eucaristia é transformar o amor de Deus em alimento que nos une a Ele que nos dá sua carne e seu sangue como comida e bebida para sustento no caminhar da fé.

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