PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Jesus
tem poder de perdoar
Deus
oferece ao mundo o perdão e Jesus o torna presente no meio de nós. Jesus é o sim de Deus e a confirmação de suas
promessas. O evangelista Marcos mostra o ministério de Jesus não na sinagoga,
mas na casa. Por que? A comunidade dos primeiros cristãos reunia-se pelas
casas. Para a religião de Israel os sacrifícios e o perdão de Deus aconteciam no
templo e as orações e o ensinamento se davam na sinagoga. A comunidade reunida é
lugar da ação de Deus. O poder de Jesus sai do lugar sagrado e torna sagrado o
lugar onde Ele está. A comunidade reunida tem a presença de Jesus e de seu
poder. A narrativa de hoje conta um milagre que deu trabalho: Jesus estava
cercado de gente. Quatro homens trazem um doente na maca. Sobem para o terraço.
As casas eram pequenas e tinham uma escada por fora. Tiram a cobertura – também
fácil. Descem o homem diante de Jesus. Aí se desenrola a cena. O Evangelho quer
responder à pergunta: Quem é Jesus? Jesus é o vencedor do pecado. Por isso
responde aos doutores que o acusam de blasfemar porque perdoa os pecados do
paralítico. Jesus, lendo seus pensamentos, diz: “O que é mais fácil: dizer ao
paralítico: ‘Os teus pecados estão perdoados’, ou dizer: ‘levanta-te, pega a
tua cama e anda’? Para que saibais que o Filho do Homem tem, na terra, poder de
perdoar pecados - disse ao paralítico: -
Eu te ordeno: levanta-te, pega tua cama e vai para tua casa!” (Mc 2,9-11). A cura física é inferior à cura espiritual,
mas prova, para quem duvidava de sua poder de perdoar, pelo poder de curar. A
resposta à pergunta quem é Jesus é clara: Ele é aquele que tem o poder de Deus
de perdoar. Jesus prova que pode libertar de todo o mal, tanto físico como
espiritual. A cura do paralítico é uma palavra que explica o sim de Deus à
humanidade que procura o conforto do perdão. O perdão é a nova criação e
ressurreição. “O homem então se levantou e, carregando sua cama, saiu diante de
todos” (Mc 2,12) .
Farei
coisas novas
No
clima de perdão que Deus nos oferece, o profeta Isaias reflete sobre a
gratuidade do perdão. O povo recebeu o perdão sem antes ter pedido. Isso nos
anima a continuar acolhendo o perdão que Deus nos concede com tanta gratuidade.
O povo recebeu, pelo rei Ciro, a certeza do perdão de Deus que supera tudo o
que foi feito de mal: “Sou eu que cancelo tuas culpas por minha causa e já não
me lembrarei de teus pecados” (Is 43,25).
Deus não é culpado dos males e, mesmo fustigado por nossos pecados, não desiste:
“Com teus pecados, trataste-me como servo, cansando-me com tuas maldades” (Is 43,24b). O perdão é uma nova criação: “Eis
que eu farei novas todas as coisas” (Is 43,19).
Manter a memória do perdão é mais vantajoso que ficar relembrando as coisas
passadas (Is 43,18). O perdão de Deus é uma condição de vida para a
comunidade. Ela deve ter certeza do perdão que a faz caminhar, como o
paralítico que, após o perdão e cura, levanta-se e vai para casa.
Perdão
e comunidade
Comunidade
vive a memória das misericórdias de Deus. Ela não deve desistir de servir a
Deus. Há uma íntima união da cura do pecado e a comunidade. O pecado envolve a
comunidade. Também ela é responsável pela cura do pecador e do doente. Sem a solidariedade
criativa dos quatro homens, o doente não chegaria a Jesus. É necessária a fé a
participação da comunidade no perdão do indivíduo. Amar o pecador e o doente
faz parte de sua vida. O pecado não só um problema a ser cochichado nos ouvidos
do padre, mas é para ser compartilhado no caminho criativo de redenção que
celebramos na Eucaristia.
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