Evangelho segundo S. Marcos 3,7-12.
Naquele
tempo, Jesus retirou-Se com os seus discípulos a caminho do mar e acompanhou-O
uma numerosa multidão que tinha vindo da Galileia. Também da Judeia e de
Jerusalém, da Idumeia e da Transjordânia e dos arredores de Tiro e de Sidónia,
veio ter com Jesus uma grande multidão, por ouvir contar tudo o que Ele fazia. Disse então aos seus discípulos que Lhe preparassem uma barca, para que a
multidão não O apertasse. Como tinha curado muita gente, todos os que
sofriam de algum padecimento corriam para Ele, a fim de Lhe tocarem. Os
espíritos impuros, quando viam Jesus, caíam a seus pés e gritavam: «Tu és o
Filho de Deus». Ele, porém, proibia-lhes severamente que o dessem a
conhecer.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos
Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Santo Ireneu de Lyon (c. 130-c. 208), bispo, teólogo, mártir
Demonstração da pregação apostólica, 92-95
Acompanhou-O uma numerosa multidão que tinha vindo da
Galileia.
O próprio Verbo, a Palavra de Deus, diz pela
boca do Profeta Isaías que Ele tinha de Se manifestar no meio de nós - com
efeito, o Filho de Deus fez-Se filho de homem - e de Se deixar conhecer por nós,
que anteriormente O não conhecíamos: «Eu estava à disposição dos que me
consultavam, saía ao encontro dos que não me buscavam. Dizia: "Eis-me aqui,
eis-me aqui" a um povo que não invocava o meu nome» (Is 65,1). [...] É também
este o sentido daquelas palavras de João Baptista: «Deus pode suscitar, destas
pedras, filhos de Abraão» (Mt 3,9). De facto, depois de terem sido arrancados
pela fé ao culto das pedras, os nossos corações vêem Deus e tornam-se filhos de
Abraão, que foi justificado pela fé. [...]
O Verbo de Deus encarnou e
habitou entre nós, como afirma São João (Jo 1,14), seu discípulo. Graças a Ele,
o coração dos pagãos foi transformado por esta nova vocação, e a Igreja dá
muitos frutos naqueles que se salvam; e já não é um intercessor como Moisés, nem
um mensageiro como Elias, mas o próprio Senhor que nos salva, dando à Igreja
mais filhos do que os anciãos davam à sinagoga, como havia previsto Isaías ao
dizer: «Regozija-te, estéril, que não tinhas filhos» (Is 54,1; Gal 4,27). [...]
Deus tem a sua felicidade na concessão da sua herança às nações insensatas,
àquelas que não pertencem à cidade de Deus. Agora pois que, graças a este apelo,
a vida nos foi dada, e que em nós Deus levou à plenitude a fé de Abraão, não
podemos voltar para trás, ou seja, não podemos regressar à primeira legislação,
porque recebemos o Senhor da Lei, o Filho de Deus, e pela fé nele aprendemos a
amar a Deus de todo o coração e ao próximo como a nós mesmos.
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