Tendo
celebrado o tempo da Páscoa, retomamos o Tempo Comum. Não celebramos, nele, um
mistério particular de Cristo, como Nascimento ou Morte, mas todo seu mistério
que acontece no cotidiano de nossa vida. Estamos lendo, neste ano de 2008, o
Evangelho de S. Mateus. E agora, o sermão da montanha. Jesus instrui os
discípulos sobre o modo autêntico de viver. Jesus anuncia que os valores da
vida não estão acima do valor do Reino de Deus. O Reino não impede os
verdadeiros valores da vida, mas propõe que não estejam acima do Reino. Jesus
não quer seus discípulos divididos entre dois senhores. Nós dizemos: “não
devemos acender uma vela para Deus e outra para o diabo”. A bíblia usa a
linguagem das contraposições: amar e odiar. Nós traduzimos como amar mais ou
amar menos. Os dois senhores, de que Jesus fala, são o Reino e os bens
materiais, no caso, comida, bebida e roupa. Podemos procurar estes bens, mas em
primeiro lugar, devemos procurar a justiça do Reino. A justiça do Reino é a bondade,
a misericórdia e o amor. O senhor destes bens, é o chamado deus Mamona, que
simboliza o lucro ímpio a ser adorado. Jesus não quer que os seus se percam por
buscar um encanto que passa. Ele já respondera ao Tentador: “Só a Deus
adorarás” (Mt 4,10). Quando buscamos em
primeiro lugar implantar o Reino, as realidades do comer, do beber e do vestir
não serão problemas. A própria justiça do Reino nos dará essas coisas boas,
pois os passarinhos e as flores não se preocupam com isso, e as têm em abundância. Vivem
tranqüilos e felizes. Isso não nos tira a responsabilidade, mas ensina o
caminho de conseguí-las dentro da justiça do Reino que é o amor. O que Jesus
quer ensinar é colocar a confiança absoluta no Pai e na implantação do Reino. O
Pai, que alimenta os passarinhos e veste as flores, cuidará com muito mais
atenção de seus filhos.
Em
Deus repousa minh’alma
O
salmo canta o resultado do abandono em Deus: “Só em Deus a minha alma tem
repouso, porque é dele que me vem a salvação. Só Ele é meu rochedo e salvação,
a fortaleza onde encontro segurança” (Sl 61,7).
Essa mesma confiança em Deus é expressa pelo salmo: “Fiz calar e repousar meus
desejos, como criança amamentada, no colo da mãe, como criança amamentada estão
em mim meus desejos” (Sl 131,2). Isso não
pode parecer uma utopia, um sonho. Se sossegarmos todas nossas ganâncias
exageradas, a que nos leva o consumismo, podemos sossegar nosso coração diante
de Deus e, com isso, dar valor ao Reino como primeira opção. Sabemos que Deus
garante o sustento. Aliás, com o Reino, não vamos querer tanta coisa. Tendo
toda a riqueza, não precisamos de bijuterias.
Para
cada dia, basta seu cuidado
Jesus
diz que “são os pagãos é que se preocupam com essas coisas. Vosso Pai, que está
nos céus, sabe que precisais de tudo isso. Buscai em primeiro lugar o Reino de
Deus e sua justiça, e toda essas coisas vos serão dadas por acréscimo” (Mt 6,32-33). Se buscarmos o Reino, teremos tudo
isso e também a justiça do Reino. O que Jesus quer é que seus queridos não
sofram inutilmente. Será que a toda essa crise atual de stress e depressão não tem
um fundo religioso? Não é uma busca do vazio? E continua o médico de nossas
vidas, Jesus: “Não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã
terá suas preocupações! Para cada dia bastam seus próprios problemas” (Mt 6,34). A sabedoria de Jesus nos ensina que
viver bem hoje é o melhor modo de viver bem amanhã. Buscar o Reino hoje é
garantir o dia de amanhã. Saciai-nos com vosso amor e viveremos.
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