terça-feira, 15 de setembro de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “Celebrando a devoção”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
409. Evangelizando a devoção
            O que é devoção? Há diversos sentidos para a palavra devoção, desde a dedicação de entrega a Deus até o afeto particular a um determinado objeto religioso, ou a um tipo de oração ou até uma superstição, atribuindo poderes espirituais a objetos, palavras ou gestos. A característica de uma verdadeira devoção é sua consonância com a Palavra de Deus e sua coerência espiritual. Tem uma ligação com nossa vida espiritual e nos converte para Deus e para a caridade com os irmãos. Uma devoção má orientada não tem ligação com a vida espiritual. Não converte para Deus e nem me leva a amar as pessoas, a ser caridoso, a rezar mais e a procurar, através daquela devoção, aproximar-me mais de Deus e da comunidade. Tem um espírito individualista e utilitário. Procuro o santo só porque ele é milagroso. Não é boa devoção dar a objetos algo mais que não é de sua natureza. O objeto não tem uma força especial em si que não tenha outro objeto igual. O gesto tem um sentido, e não tem uma força maligna. A pura repetição de palavras de formas não tem força espiritual. Por exemplo, se disser essa oração dez vezes vai conseguir isso. Se não vai ser prejudicado. Oito vezes não vale. Há um risco de unir devoção com superstição. Superstição, apesar de ter um fundo de religiosidade, caracteriza-se por se situar na área do medo e de poderes especiais mágicos. Na realidade torna-se uma forma de dominar as pessoas. É necessário evangelizar a devoção, de modo particular a N. Senhora, tirando dela poderes mágicos.
410. Festas de Nossa Senhora
            A Igreja tem diversas festas por ano para Nossa Senhora. O sentido de se celebrar uma festa de Maria Santíssima é ressaltar sua presença no Mistério de Cristo. O surgimento do culto mariano está, “desde os primeiros séculos, na consideração de Maria como uma testemunha privilegiada e ao mesmo tempo protagonista importante da história da salvação”. Seu culto é posterior ao culto dos mártires, que foram testemunhas de Cristo. O martírio não é só de sangue, mas é participação na vida de Cristo. Ela é a primeira entre todos os que crêem. Sua fé superou toda prova e obstáculo. Ela é testemunha privilegiada do Mistério de Cristo. Esses dois títulos justificam o culto mariano em uma comunidade eclesial. Assim nasceram as festas, sobretudo depois da definição do dogma da Maternidade Divina, em Éfeso (ano 431). Com o tempo surgiram outras festas, como Assunção, Imaculada Conceição, Visitação e outras. O sentido da festa é conhecer melhor como Maria está presente no mistério de Cristo e como podemos expressar nosso amor a Deus que nele realizou maravilhas. Nós participamos dessas maravilhas, celebrando suas festas. Nas celebrações participamos da alegria de Maria em Cristo. Isto é belo.
411. Amor e piedade a Nossa Senhora
            Cada pessoa tem possibilidades de mostrar seu amor a Maria através de alguma devoção pessoal, desde que seja coerente com a fé. A tradição nos traz muito dessas devoções: imagens, orações, rezas do terço, do Oficio da Imaculada, escapulários, medalhas, estampas, devoções na comunidade, como coroações, procissões, ladainhas e tantas outras que foram se criando e podem ainda ser criadas. Mas quanto mais penetramos o mistério de Cristo, tanto mais purificamos essas devoções do que possa não ser claro. A devoção a Maria tem que ser evangélica. Maria não é mais que Deus. Suas imagens não podem ser amuletos , mas um meio de chegar a Maria que está junto de Deus em favor de seu povo em sua oração suplicante. Mesmo o maior amor não pode desviar a devoção do evangelho e da Igreja.

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