Evangelho segundo São Lucas 13,10-17.
Naquele tempo, estava Jesus a ensinar ao sábado numa sinagoga.
Apareceu lá uma mulher com um espírito que a tornava enferma havia dezoito anos; andava curvada e não podia de modo algum endireitar-se.
Ao vê-la, Jesus chamou-a e disse-lhe: «Mulher, estás livre da tua enfermidade»;
e impôs-lhe as mãos. Ela endireitou-se logo e começou a dar glória a Deus.
Mas o chefe da sinagoga, indignado por Jesus ter feito uma cura ao sábado, tomou a palavra e disse à multidão: «Há seis dias para trabalhar. Portanto, vinde curar-vos nesses dias e não no dia de sábado».
O Senhor respondeu: «Hipócritas! Não solta cada um de vós do estábulo o seu boi ou o seu jumento ao sábado, para o levar a beber?
E esta mulher, filha de Abraão, que Satanás prendeu há dezoito anos, não devia libertar-se desse jugo no dia de sábado?».
Enquanto Jesus assim falava, todos os seus adversários ficaram envergonhados e a multidão alegrava-se com todas as maravilhas que Ele realizava.
Tradução litúrgica da Bíblia
Eusébio de Alexandria
(século V)
Sermões sobre o domingo,
16, 1-2; PG 86, 416-421
O Sábado torna-se o primeiro dia da nova criação
A semana comporta evidentemente sete dias: Deus deu-nos seis para trabalharmos, e deu-nos um para rezarmos, repousarmos e nos libertarmos dos nossos pecados.
Vou expor-te as razões pelas quais a tradição de guardarmos o domingo e de nos abstermos de trabalhar nos foi transmitida. Quando o Senhor confiou o sacramento aos discípulos, «tomou o pão, recitou a bênção, partiu-o e deu-o aos discípulos, dizendo: "Tomai e comei: Isto é o meu corpo". Tomou em seguida um cálice, deu graças e entregou-lho, dizendo: "Bebei dele todos, porque este é o meu sangue, o sangue da aliança, derramado pela multidão, para remissão dos pecados"» (Mt 26,26-28; cf 1Cor 11,24). O dia santo de domingo é, pois, aquele em que se faz memória do Senhor; é por isso que se lhe chama «dia do Senhor», e ele é como o senhor dos dias. Antes da Paixão do Senhor, não era chamado «dia do Senhor», mas «primeiro dia».
Nesse dia, o Senhor estabeleceu o fundamento da ressurreição, quer dizer, empreendeu a criação; nesse dia, deu ao mundo as primícias da ressurreição; nesse dia, como dissemos, mandou celebrar os santos mistérios. Esse dia foi, pois, o começo de toda a graça: início da criação do mundo, início da ressurreição, início da semana. Esse dia, que comporta em si próprio três começos, prefigura a primazia da Santíssima Trindade.

Nenhum comentário:
Postar um comentário