Evangelho segundo São Lucas 13,1-9.
Naquele tempo, vieram contar a Jesus que Pilatos mandara derramar o sangue de certos galileus juntamente com o das vítimas que imolavam.
Jesus respondeu-lhes: «Julgais que, por terem sofrido tal castigo, esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus?
Eu digo-vos que não. E, se não vos arrependerdes, morrereis todos do mesmo modo.
E aqueles dezoito homens que a torre de Siloé, ao cair, atingiu e matou? Julgais que eram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém?
Eu digo-vos que não. E, se não vos arrependerdes, morrereis todos de modo semelhante».
Jesus disse então a seguinte parábola: «Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi procurar os frutos que nela houvesse, mas não os encontrou.
Disse então ao vinhateiro: "Há três anos que venho procurar frutos nesta figueira e não os encontro. Deves cortá-la. Porque há de estar ela a ocupar inutilmente a terra?"
Mas o vinhateiro respondeu-lhe: "Senhor, deixa-a ficar ainda este ano, que eu, entretanto, vou cavar-lhe em volta e deitar-lhe adubo.
Talvez venha a dar frutos. Se não der, mandá-la-ás cortar no próximo ano"».
Tradução litúrgica da Bíblia
(540-604)
Papa, doutor da Igreja
Morais sobre Job, livro XI, SC 212
«E, se não vos arrependerdes,
morrereis todos do mesmo modo»
«A sabedoria está nos cabelos brancos e a inteligência, na longevidade» (Jb 12,12).
As palavras que se mantêm firmes na raiz da sabedoria são as que adquirem a sua força numa arte de viver que se prova pelos atos. Mas, como a vida longa é muitas vezes concedida sem a graça da sabedoria, é justo nomear agora aquele cujo julgamento dispensa esses dons, e o texto acrescenta: «Nele residem a sabedoria e o poder. Ele possui o conselho e a inteligência» (Jb 12,13), palavras que aplicamos, não sem pertinência, ao Filho único do Pai soberano, compreendendo que Ele é a sabedoria e a força de Deus.
Paulo dá testemunho dessa compreensão quando diz que «Cristo é poder e sabedoria de Deus» (1Cor 1,24), Ele que está sempre em Deus, pois «no princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus» (Jo 1,1). Ora, Deus tem conselho e entendimento: conselho, porque ordena os seus atos; entendimento, porque conhece os nossos. O conselho também pode designar a lentidão do seu juízo secreto, ou seja, o facto de Ele tardar em punir os culpados, não por desconhecer as suas infrações à justiça, mas para que se veja que a condenação, diferida com vista à penitência, resulta de um conselho.
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