quarta-feira, 26 de março de 2025

REFLETINDO A PALAVRA - “Lançai as redes”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
153 grandes peixes 
Estamos no ciclo das aparições de Jesus depois que ressurgiu dos mortos. Os discípulos voltam a sua vida de antes, à beira do lago, vivendo da pesca. Há um diálogo de Pedro e os companheiros: “Vou pescar”. Os outros logo se animam e dizem: “Também vamos contigo”. Esse evangelho não quer somente narrar uma pesca maravilhosa, mas ir mais longe, narrar o resultado da pregação na força de Jesus. Naquela noite nada pescaram. De madrugada, voltando, vêem um vulto. Não sabem que é Jesus que lhes pergunta se eles têm peixe. Diante da resposta negativa, diz: “Lançai as redes à direita da barca e achareis”. Lançaram a rede e não conseguiam puxá-la devido à quantidade de peixes. O fato de ser lançada à direita, não se refere a uma posição política, mas trata-se da direita de Deus onde está Cristo glorificado. Imediatamente João reconhece Jesus. A fé faz perceber a ação de Jesus na realidade do mundo. O mar profundo é símbolo do mundo. As redes simbolizam a pregação da Palavra de Deus. Elas são lançadas da barca, isto é, da Igreja. Apanharam 153 peixes. Há interpretações sobre esse número. Uns dizem ser o número dos povos conhecidos. Outros opinam que havia esta quantidade de peixes conhecidos. Significa abundância do fruto da pregação nos inícios da Igreja. A pregação não é resultado de uma ação humana, mas da força da Palavra de Jesus. Quem tem fé é capaz de ver aí a ação de Deus. Quando chegaram à praia viram um fogo aceso e peixes em cima. Que podemos entender? Não se trata de uma refeição, mas indica que Jesus é o Senhor da evangelização. É Ele quem transforma os corações pelo fogo do Espírito. É Jesus quem os sustenta. A missão dos apóstolos continua a missão de Jesus. É Ele quem dá o resultado e alimenta. 
É preciso obedecer antes a Deus 
Os discípulos, logo após Pentecostes, iniciam com força a pregação testemunhando que Jesus está vivo. Jesus já havia preparado o terreno com sua vida e pregação. Por isso, a semente lançada pelos apóstolos dá um fruto abundante. Por isso são presos e levados a julgamento no templo. A autoridade religiosa do povo judeu proíbe falar em nome de Jesus. A acusação é clara: “Já enchestes Jerusalém com vossa doutrina. E ainda nos quereis tornar responsáveis pela morte desse homem! (At 5,28). Os apóstolos têm uma resposta clara: “É preciso obedecer a Deus, antes que aos homens” (id 29). A consciência de sua missão dá-lhes força para enfrentar e continuar. Pedro aproveita a ocasião para um anúncio fundamental: “O Deus de nossos pais ressuscitou Jesus, a quem vós matastes, pregando-O numa cruz... por seu poder, O exaltou, tornando-O Guia Supremo e Salvador para dar ao povo de Israel a conversão e o perdão dos pecados. E disso somos testemunhas, nós e o Espírito Santo que Deus concedeu àqueles que lhe obedecem” (id. 29-32). 
O Cordeiro imolado é digno de honra..
“Deus O constituiu Guia Supremo e Salvador”. A certeza da glorificação que Jesus recebeu de seu Pai é a origem da força que os apóstolos possuem. Jesus para eles, na linguagem do Apocalipse, não era um que estivera com eles. Mas Aquele que está glorificado. Ele é superior a toda força. Por Ele vale sofrer as dificuldades e prisões. Nesse aspecto, podemos falhar em nossa pregação quando não vemos sua direção. Tudo é feito para que Cristo seja reconhecido no seu poder de ressuscitado e glorificado. Não é somente um do passado, mas vive em nosso futuro. O amor domina a relação de Jesus com os seus. 
Leituras: Atos 5,27b-32.40b-41; 
Salmo 29; 
Apocalipse 5,11-14;João 21,1-19 
1. A narrativa da pesca milagrosa não quer mostrar a maravilha da abundância de peixes, mas salientar a força da Palavra de Jesus na pregação dos apóstolos. A missão dos apóstolos continua a missão de Jesus. 
2. O resultado da pregação dos apóstolos acaba por levá-los ao confronto com os chefes do povo e a sua prisão. Foi o momento em que mostraram que devem obedecer a Deus em primeiro lugar. 
3. A certeza da glorificação que Jesus recebeu de seu Pai é a origem da força que os apóstolos possuem. Continuamos a missão de lançar as redes. O amor domina a relação de Jesus com os seus.
Enfrentando a polícia 
No Tempo Pascal, ouvimos tantas narrativas das experiências dos discípulos com Jesus. O testemunho daqueles homens simples reuniu grandes comunidades. A pregação dava resultados magníficos, como uma pesca milagrosa. Hoje lemos a narrativa sobre a pesca abundante que os discípulos realizaram a partir da indicação de Jesus. Não tinham conseguido nada, mas, pela palavra de Jesus, a pesca foi abundante. Da Glória em que reina, continua dando forças para que os discípulos lancem as redes e possam continuar reunindo o povo de Jesus. Pelo fato de testemunharem a Ressurreição são pressionados a se calarem. Pedro, então, responde com clareza: “É preciso obedecer a Deus, antes que aos homens” (At 5,29). Os apóstolos estão diante do tribunal porque acreditaram em Jesus. Jesus está glorioso junto do Pai. A Ele toda honra, glória e poder. Continua entre os seus e é a fonte desse anúncio. O evangelho de João nos narra um diálogo de Jesus com Pedro no qual insiste sobre a fonte dessa missão e a força do anúncio. O amor sem medida é a medida de Deus. O amor de Pedro é frágil, mas nem por isso perde a garantia de sua missão. 
Homilia do 3º Domingo da Páscoa (10.04.2016)

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