Evangelho segundo São Marcos 9,30-37.
Naquele tempo, Jesus e os seus discípulos caminhavam através da Galileia. Jesus não queria que ninguém o soubesse;
porque ensinava os discípulos, dizendo-lhes: «O Filho do homem vai ser entregue às mãos dos homens, que vão matá-lo; mas Ele, três dias depois de morto, ressuscitará».
Os discípulos não compreendiam aquelas palavras e tinham medo de O interrogar.
Quando chegaram a Cafarnaum e já estavam em casa, Jesus perguntou-lhes: «Que discutíeis no caminho?».
Eles ficaram calados, porque tinham discutido uns com os outros sobre qual deles era o maior.
Então, Jesus sentou-Se, chamou os Doze e disse-lhes: «Quem quiser ser o primeiro será o último de todos e o servo de todos».
E, tomando uma criança, colocou-a no meio deles, abraçou-a e disse-lhes:
«Quem receber uma destas crianças em meu nome é a Mim que recebe; e quem Me receber não Me recebe a Mim, mas Àquele que Me enviou».
Tradução litúrgica da Bíblia
Bispo de Hipona (norte de África),
doutor da Igreja
Sermão 340 A, para uma ordenação episcopal no ano 411
O bispo, «servidor de todos», como qualquer cristão
Todo aquele que está à cabeça do povo deve recordar antes de mais que é o servo de todos, e nunca desdenhar deste serviço, uma vez que o Senhor dos senhores (cf 1Tm 6,15) Se dignou pôr-Se ao nosso serviço.
Foi a impureza da carne que insinuou aos discípulos de Cristo uma espécie de desejo de grandeza, fazendo-lhes subir à cabeça os vapores do orgulho. Lemos, com efeito: «Levantou-se também entre eles uma questão: qual deles se devia considerar o maior?» (Lc 22,24); mas o Médico, que estava com eles, refreou-lhes a presunção, dando-lhes como exemplo de humildade uma criança (cf Mt 18,1-5). Não esqueçamos que o orgulho foi o primeiro mal e a origem de todo o pecado.
Por isso, entre outras virtudes dos responsáveis pela Igreja, o apóstolo Paulo recomenda-nos a da humildade (cf 1Tm 3,6). Quando o Senhor quis fortalecer os seus apóstolos na humildade, disse-lhes: «Quem entre vós quiser tornar-se grande, seja vosso servo» (Mt 20,26). É como bispo que vos falo e, por conseguinte, a mim próprio dirijo estas palavras, porque Cristo «não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de todos» (Mc 10,45). Foi assim que Ele serviu – dando a sua vida para nos resgatar – e é assim que quer que também nós sirvamos. Qual de nós tem poder para resgatar quem quer que seja? Fomos resgatados da morte pela sua morte e pelo seu sangue; nós, que estávamos caídos por terra, fomos reerguidos pela sua humildade. Agora, devemos fazer a nossa parte pelos seus membros, porque fomos constituídos como tal: Ele é a cabeça, nós o corpo (cf Ef 1,22-23). É por isso que o apóstolo João nos exorta a imitá-lo, dizendo: «Ele deu a sua vida por nós e nós devemos também dar a vida pelos nossos irmãos» (1Jo 3,16).
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