"Como são amáveis as tuas moradas, ó Senhor do universo! A minha alma suspira e tem saudades dos átrios do Senhor... Um dia em teus átrios vale por mil" (Sl 84, 2.11).
O beato Augusto Czartoryski escreveu estas palavras do Salmo como lema de vida sobre a pequena imagem da primeira Missa. Nelas está contido o arrebatamento de um homem que, seguindo a voz do chamado, descobre a beleza do ministério sacerdotal. Ressoa nelas o eco das diversas opções que deve fazer quem descobre a vontade de Deus e deseja cumpri-la. Augusto Czartoryski, jovem príncipe, elaborou um método eficaz de discernimento dos desígnios divinos. Apresentava a Deus na oração todas as perguntas e perplexidades principais e, depois, em espírito de obediência seguia os conselhos dos seus guias espirituais. Compreendeu assim a sua vocação de empreender a vida pobre para servir os mais pequeninos. O mesmo método permitiu-lhe, ao longo de toda a sua vida, realizar tais opções, podendo nós hoje dizer que ele realizou os desígnios da Providência Divina de maneira heroica.
Desejo deixar o exemplo da sua santidade sobretudo aos jovens, que hoje procuram a maneira para decifrar a vontade de Deus em relação à sua vida e desejam comportar-se todos os dias em fidelidade à palavra divina. Meus queridos jovens amigos, aprendei do beato Augusto a pedir ardentemente na oração a luz do Espírito Santo e guias sábias, para que possais conhecer o plano divino na vossa vida e sede capazes de caminhar sempre pelos caminhos da santidade.
Homilia de Beatificação – Papa João Paulo II – 25 de abril de 2004
Nasceu em Paris (França), a 2 de Agosto de 1858. De linhagem nobre, filho do Príncipe Ladislau e da Princesa Maria, do exílio francês procurava restabelecer a unidade da sua pátria polaca, mas os desígnios de Deus para ele eram outros. De saúde sempre frágil, depressa compreendeu que não tinha nascido para a vida abastada da corte.
Um momento decisivo foi o seu encontro com Dom Bosco, em quem identificou o pai da sua alma e o juiz do seu porvir. No jovem Augusto a vocação à vida religiosa esclarecia-se cada vez mais, e o Santo educador passou a ser um ponto de referência no seu discernimento vocacional:
Em maio de 1883, Dom Bosco estava na França. Foi convidado ao Palácio Lambert pela princesa Margarida de Orléans. Augusto ajudava na Missa, e o Santo lhe disse: "Faz muito tempo que desejava conhecê-lo", O príncipe ficou eletrizado com aquele encontro. A seguir, foi diversas vezes a Turim, Itália, para visitar Dom Bosco. Pedia-lhe com insistência para fazer parte dos salesianos, mas o Fundador não estava convencido. Augusto falou com o Papa Leão XIII, que convidou Dom Bosco a aceitar o príncipe.
Assim, renunciando a todos os seus direitos em favor dos irmãos, no dia 24 de Novembro de 1887 recebeu o hábito talar na Basílica de Maria Auxiliadora, das mãos de Dom Bosco, que faleceria dois meses depois.
Após os estudos de Teologia, completados com grande dificuldade por causa do estado precário da sua saúde e da contrariedade dos familiares e, sobretudo do seu pai (a sua mãe faleceu quando ele tinha seis anos de idade), Augusto recebeu a Ordenação sacerdotal a 2 de Abril de 1892, ocasião esta em que houve uma tácita reconciliação familiar.
Contudo, a sua vida presbiteral só duraria um ano. De fato, faleceu em 8 de Abril de 1893, depois de cinco anos de vida salesiana, que um Purpurado quis descrever com estas palavras: "A sua conformidade perfeita com a vontade divina na enfermidade fê-lo heroico na paciência e invencível no amor a Deus!".
Os seus restos mortais foram transladados para a Polônia e sepultados no túmulo de família, na cripta paroquial de Sieniawa, onde Augusto tinha recebido a primeira Comunhão e, em seguida, para a igreja salesiana de Przemysl, onde jazem até hoje.
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