quinta-feira, 7 de março de 2024

REFLETINDO A PALAVRA - “Tu és o Cristo!”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
PADRE JOSÉ OSCAR BRANDÃO(+)
REDENTRISTAS NA PAZ DO SENHR
E para vós, quem sou Eu?
 
Jesus perguntou: “Quem dizem os homens que eu sou?” (Mc 8,27). Por que essa pergunta? Tudo o que Jesus fez até então em palavras e obras miraculosas não foi suficiente para que tivessem certeza de sua missão? É um momento de crise. O povo O identifica com diversos personagens: João Batista, Elias, um profeta, já mortos. Para Jesus é um momento duro. Ele tem junto de si um frágil grupo de discípulos. O povo tinha outra expectativa quanto ao Messias. Ele traria todos os bens materiais possíveis. Seria um Messias ‘resolve meus problemas’. Por isso não queria que O chamassem de Messias, pois não era esse seu projeto. Voltando-se para os discípulos pergunta: “E vós, quem dizeis que Eu sou?” (29). A resposta de Pedro é profissão de fé feita em nome de todos os que crerão: “Tu és o Messias”. Essa palavra não vem nem da carne nem do sangue, mas do Pai que está nos céus, nos diz Mateus (Mt 16,17). A profissão de fé, que é dom, Pedro a faz da parte do Pai. Marcos, em seu evangelho, quer levar a reconhecer Jesus como o Cristo, Filho de Deus. A palavra Cristo é a mesma que Messias. Aquela em grego e esta, em hebraico. A profissão de fé de Pedro está no centro do evangelho. Dá a entender que até ali foi um processo para levar à fé; depois desta proclamação Jesus conduz à consequência da fé que é o seguimento até à cruz. Na cruz e na ressurreição é que Jesus se revela realmente o Messias de Deus, o servo predito por Isaias ( Is 50,5-9ª). Um caminho de dores A partir deste momento, Jesus anuncia seus sofrimentos, a rejeição dos sumos sacerdotes, anciãos e doutores, ser morto e ressuscitar depois de três dias (31). Pedro chama a atenção de Jesus por essas palavras. Vemos que ele, mesmo professando a fé, permanece pensando o Messias como pensa seu povo. Jesus o rechaça com uma palavra dura: “Afasta-te de mim Satanás! Tu não pensas como Deus, mas sim como os homens” (Mc 8,33). Continuando, entendemos que professar a fé é seguir o caminho de Jesus: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga. Pois, quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, mas quem perder sua vida por causa de mim e do evangelho, vai salvá-la” (Mc 8,34-35). Esta é a essência do ser cristão. O caminho do discípulo se une ao de Jesus. Quem crê vive o que Jesus viveu, recebe a mesma glória, mas passa pelo caminho de sofrimento. Quem recusa Cristo Crucificado é Satanás, que significa obstáculo ao caminho. Isto é não pensar como Deus, como diz Jesus a Pedro que o queria desviar do caminho da Paixão. Muitas religiões e pessoas gostam de Jesus, como os judeus, mas o Messias Salvador é o da cruz e da ressurreição. O caminho é claro: tomar a cruz com Ele. 
Uma fé que age 
Tiago traduz essas palavras para evitar que se viva uma fé vazia: “A fé, se não se traduzir em obras, por si só está morta”... “Mostra-me tua fé sem obras, que eu te mostrarei a minha fé pelas obras!” (Tg 2,17-18). As obras da fé estão diretamente ligadas à caridade para com as pessoas, no cuidado para que tenham o que vestir e o que comer. Tiago nos diz que não bastam palavras bonitas, mas solucionar a fome com a comida, e o frio com o agasalho. Do contrário a fé é vazia do seu conteúdo. Não basta saber que Deus existe, é preciso mostrá-lo através de nossas atitudes e obras. A Eucaristia sem as obras também é morta. O culto nasce do amor ao próximo para chegar até Deus. 
Leituras:Isaias50,5-9ª; Salmo 114; 
Tiago 2,14-18; Marcos 8,27-35 
1. Jesus pergunta aos discípulos: Quem dizem os homens que eu sou? Diante das respostas vazias pergunta: “E vós, quem dizeis que Eu sou?” Pedro responde: “Tu és o Messias”. Jesus está numa situação difícil: o povo não sabe quem Ele é depois de bom tempo de manifestação de obras miraculosas e anúncio. 
2. A profissão de Pedro vem de Deus e anima Jesus no caminho. A partir daí Jesus prenuncia o Messias sofredor, mas que ressuscitará. Pedro, mesmo professando a fé, continua na mentalidade do povo sobre o Messias. Ser Satanás é opor-se ao caminho de Jesus. Crer no Messias é seguí-Lo até à cruz, mas também à ressurreição. 
3. Tiago afirma completando Paulo que a fé sem obras é morta por si mesma. Não adiantam palavras;são necessários atos concretos. A Eucaristia sem obras é morta. O culto que não nasce do amor ao próximo não chega a Deus. 
Caminho das pedras
Usamos a expressão caminho das pedras para dizer que há um caminho de pedras no meio das águas que nos permitem caminhar como se fosse sobre as águas. Jesus, no evangelho apresenta um caminho duro quando se trata de segui-Lo. Esta dureza é o que faz o caminho ser verdadeiro. O caminho é a fé, como proclamou Pedro. Tiago explica que o modo de caminhar não é só crer, mas crer com as mãos, isto é, com as boas obras. Fé não é dizer, mas fazer. O ensinamento de Jesus não esconde o sofrimento que temos no seguimento de Jesus. Este caminho é o mesmo que Ele passou. Este sofrimento não é um mal, mas a Sabedoria Divina. Jesus nos remiu com seu sangue. Deus não quer ver ninguém sofrendo. Mas, quando o sofrimento vem, temos que vivê-lo à luz da sabedoria, como o fez Jesus que por Ele chegou à Ressurreição. 
Homilia do 24º Domingo Comum (16.09.2012)

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